Bem vindo!

BEM VINDO!

Ex officio é uma expressão latina que significa "por dever do cargo, por obrigação"; muito utilizada no contexto jurídico para se referir ao ato que se realiza sem provocação das partes. Para o contexto do cristianismo, um "cristão ex officio" é aquele que não espera ser provocado ou "incentivado" para ter uma atitude padronizada em Cristo; as atitudes fluem como instinto. Sinta-se livre neste ambiente para opinar, concordar, discordar, sugerir... Desde que de forma respeitosa.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Encomenda divina

  
Por Júnio Almeida

Eram umas sete horas da noite quando João atendeu o telefone:
   - Alô.
   - Senhor João?
   - Sim, sou eu.
   - Sua encomenda já chegou aqui na loja, o senhor pode vir buscar quando quiser.
   - Ok. Muito obrigado! Estarei aí amanhã de manhã. 
   - Certo. Sinta-se à vontade para vir quando quiser. Sua encomenda está separada.
   - Novamente obrigado. 
  João desliga o telefone satisfeito. Havia encomendado um filme que há muito tempo tinha visto, mas como não encontrou em nenhuma locadora, teve que comprar para assistir novamente.
  O pedido tinha sido feito em uma loja no shopping de sua cidade, que lhe garantiu a entrega em até três dias úteis; ainda lhe prometeu que ligaria após receber o produto. 
  O combinado foi cumprido. O produto foi entregue. Ambos saíram satisfeitos - vendedor e comprador. 
  Ao chegar à sua casa João chama seu filho para assistir o filme com ele:
    - Pedro?
    - Oi pai.
    - Comprei um filme muito bom. Já faz tempo que vi, mas quis ver de novo. Gostaria de assistir comigo?
    - É de ação, comédia, documentário... É o quê?
    - Bom, é de filme de guerra.
    - Beleza. Qual o título?
    - Relaxa, não se preocupe com o nome do filme. Tente descobri ao ver.
    - Ah! Fala sério pai. 
    - Vamos; sente-se.
    - Tá bom.
    - Enquanto está no trailer, deixe-me te falar no que estive pensando.
    - No quê?
    - Quando fui à loja buscar o filme me veio um insigth - pensei em como Deus faz as coisas conosco. No meu caso, fui à primeira vez e não encontrei o filme em nenhuma locadora; mas não desisti, até que encontrei disponível (para comprar) em uma loja no shopping. Porém eles só conseguiriam por encomenda. Como estava muito a fim de assistir, fiz a encomenda. Eles me prometeram entregar em até três dias úteis, e me ligar quando o produto chegasse por lá.
   - Sim, e daí?
   - E daí que às vezes Deus age da mesma maneira com agente. Ele permite que todas as portas se fechem para desenvolver em nós perseverança. Depois, quando já formou em nós o caráter que precisamos, Ele nos dá o que queremos, mas como uma encomenda.
   - Quê?
   - É! Ele deixa reservado em nosso nome, e no dia em que Ele quer, "liga" para nós e diz que já está disponível; é só ir buscar. Mas na verdade, o Senhor já havia separado aquilo em nosso nome; estava apenas esperando o melhor momento para nos dar, mas já era nosso - estava reservado em nosso nome. Entendeu?
   - Entendi. Mas o senhor viaja em pai! - Pedro fala sorrindo enquanto pega o controle do dvd.
   - Acabou o trailer. Dê pausa enquanto eu vou buscar a pipoca, por favor. - Diz João enquanto se levanta.
   - Tudo bem. - Pedro diz sorrindo e depois balbucia - "nossa, meu pai viaja me cada estória!" 

Ser feliz ou ter razão?


Oito da noite, numa avenida movimentada. O casal já está atrasado para jantar na casa de uns amigos. O endereço é novo e ela consultou no mapa antes de sair. Ele conduz o carro. Ela orienta e pede para que vire, na próxima rua, à esquerda. Ele tem certeza de que é à direita.

Discutem. Percebendo que além de atrasados, poderiam ficar mal-humorados, ela deixa que ele decida. Ele vira à direita e percebe, então, que estava errado.. Embora com dificuldade, admite que insistiu no caminho errado, enquanto faz o retorno. Ela sorri e diz que não há nenhum problema se chegarem alguns minutos atrasados. Mas ele ainda quer saber: - Se tinhas tanta certeza de que eu estava indo pelo caminho errado, devias ter insistido um pouco mais... E ela diz: - Entre ter razão e ser feliz, prefiro ser feliz. Estávamos à beira de uma discussão, se eu insistisse mais, teríamos estragado a noite!

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

PASTOR TAMBÉM É GENTE




Pastor sente, chora, ri, dá gargalhada, fica triste, aborrecido...

Pastor também dorme, fica cansado, também dorme!!!

Pastor também tem fome, precisa comer, ronca o estômago...

Pastor também tem necessidades fisiológicas, vai ao banheiro, tem dor de barriga, solta gases... rsrs

Pastor também tem família, que precisa ser pastoreada, precisa ser cuidada como esposo e pai...

Pastor também peca!!! (oohh)

Pastor também foi um dia remido pelo sangue de Cristo...

Pastor também ainda está prosseguindo para o Alvo...

Pastor também precisa, a todo momento, da graça e misericórdia de Deus!!!

Afinal, pastor também é gente como a gente...

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Casar por quê?


Por Márcio de Souza

A sociedade estabeleceu um novo paradigma nas relações homem e mulher. Hoje, viver amigado é muito normal. Cada um na sua, morando juntos ou não, porém tendo uma vida sexual ativa e todas as conseqüências da mesma. Na Bíblia, a relação sexual é encarada como consumação do casamento.

Mas se posso viver amigado, casar por quê?

Primeiro, casamento é um sinal de respeito. O casal que resolver se unir em núpcias, escolheu tal coisa porque um decidiu respeitar a individualidade e a privacidade do outro.

Segundo, casamento é sinal de intimidade. Quando você transa com seu parceiro(a), você se faz uma só carne com ele(a). Se você tem mais de um parceiro(a), você está se despedaçando toda(o), deixando sua carne se misturar por diversas vezes com outra carne que não é a do seu cônjuge. Isso faz de você prostituta(o).

Terceiro, casamento é sinal de compromisso. Quando você recebe seu parceiro em casamento, você está assumindo um compromisso de amar, respeitar, ser fiel e cúmplice nessa relação. Isso não é brincadeira, portanto o padrão estabelecido na Bíblia nos diz que a monogamia é o tipo de relação que Deus aprova e que o casamento é a instituição na qual ela se concretiza.

Eu poderia ficar aqui enumerando diversos motivos para que você entenda que o casamento é uma instituição divina, mas acho que basta dizer que Jesus resolveu tipificar sua relação com a igreja se denominando “Noivo”. Importe-se com a integridade do seu namorado(a), isso vai fazer diferença na hora do casamento, pode ter certeza disso!

E no mais, tudo na mais santa paz!

domingo, 21 de novembro de 2010

O Crente que Virou Suco


Carlos Moreira
  
“O Homem que Virou Suco” é um dos melhores filmes brasileiros que eu já assisti. Lançado em 1981 e dirigido por João Batista de Andrade, traz em seu elenco atores fabulosos, destacando-se o extraordinário desempenho do ator José Dumont. 


O roteiro da película, que ganhou vários prêmios, tem como pano de fundo a migração de nordestinos na direção da grande explosão industrial da região sudeste. No filme, Deraldo, um poeta popular recém-chegado do Nordeste a São Paulo, tenta a sobrevivência através da venda de suas poesias e folhetos. Confundido com um operário de uma multinacional que mata o patrão, passa a fugir da polícia e a envolver-se numa infinidade de acontecimentos que vão desnudando os dramas dos imigrantes que vivem numa metrópole. Ao final, Deraldo acaba lançando uma espécie de autobiografia – “O Homem que Virou Suco” – que trata da grande lição que ele aprendeu em sua resistência a sociedade opressora, que tenta esmagar o homem e eliminar suas raízes e convicções.


Pois bem, a ligação do filme com este texto tem a ver com um telefonema que recebi esta semana de um amigo que estudou comigo na Faculdade de Administração. Ele estava entusiasmado por ter, finalmente, se “convertido” a uma determinada “igreja”, mas sua fala era desconexa e bastante confusa, uma narrativa entrecortada o tempo todo por chavões religiosos. Lembro bem que, ao final de cada frase, repetia como um mantra as expressões: “Glória a Deus”, “Santo, Santo”, ou “Aleluia”.


A conversa durou cerca de 20 minutos. Nela ele me relatou a forma bizarra – maravilhosa para ele – como vinha vivendo os últimos 2 anos. A narrativa começou com a seguinte frase: “entrei para a lei de crente!”. Assustei-me profundamente! Eu lembrava bem do Flávio – vou usar este nome fictício para resguardá-lo. Era um cara bonachão, gozador, contador de piadas e tomador de cachaça, paquerador inveterado de mulheres. Como trabalhava numa grande multinacional e ganhava bem, era capaz de promover a qualquer um(a) que com ele saísse uma noitada de dar inveja a Giacomo Casanova, o grande sedutor Italiano. 


Agora, entretanto, estava eu a falar com um sujeito que me parecia mais santo do que Jesus Cristo. Sua história, todavia, não é muito diferente da de outros tantos que tenho encontrado por aí: uns em gabinetes pastorais, alguns em consultórios psiquiátricos, e a grande maioria de volta a velha existência de onde um dia havia saído. Naqueles vinte minutos sufocantes, Flávio me contou um pouco de sua vida. Disse-me como havia passado em tão curto tempo por 9 denominações diferentes, indo da igreja histórica reformada ao neopentecostalismo. Mudou de ideologia religiosa como quem muda de bar. Em cada uma que ia, encontrava “problemas” que o levavam a ter de buscar uma outra. 


E foi assim que começou a descrever sua triste peregrinação. “Mudei de uma “igreja” porque o louvor era fraco. Numa outra o problema era o pregador. Em uma, havia silêncio demais; já em outra, a gritaria era ensurdecedora. Numa falava-se língua estranha; na outra língua esquisita, pois eu não entendia nada sobre os conteúdos do sermão”. E assim, de “igreja” em “igreja” – ou de suplício em suplício – chegou, então, ao “paraíso”. Agora sim, um lugar perfeito. Nesta “igreja” a qual ele se “converteu”, uma vez que lhe ensinaram que até então ainda não havia se “convertido”, ele enfim encontrou-se. Mesmo achando curioso o fato de ter se convertido a “igreja” e não a Jesus, não quis interromper sua narrativa...


Pois bem, neste “santo lugar”, ou seria melhor dizer “santo dos santos”, havia de tudo o que ele sempre sonhara. “Seções de exorcismo”, “correntes de promessas”, “campanhas e batalhas”, “louvor gospel”, “profecias”, “revelações”, “visões”, um pacote completo do “sobrenatural” a serviço da comunidade. Agora sim, o “culto” dava-lhe plena satisfação. O “deus” que ali se “apresentava” era mais performático que Britney Spears. Por fim, disse-me algo estarrecedor: “amigo, tenho dado 35% de dízimo ao “pastor” e, na semana passada, para “glória de Deus”, doei o meu carro para uma grande campanha que estamos empreendendo”. Aí, para mim, foi o fim...


Fiz menção de que tinha de desligar, pois sabia que não havia qualquer condição de argumentar com ele absolutamente nada. Foi então que Flávio me disse: “irmão, estou passando por grande luta. Minha mulher acaba de me deixar, pois disse que eu fiquei maluco. Minha empresa me demitiu, porque eu andei faltando a umas visitas para ir fazer a “obra de Deus”, buscando assim o “reino” em primeiro lugar. Sei que tudo isto é obra de satanás – imagina?! – e quero que o irmão entre em batalha comigo”. Aí, então, eu disse a ele que seria bom nós conversarmos pessoalmente. É que a grande batalha que eu enfrento todos os dias é contra o trânsito da minha cidade.


Desliguei o telefone e pensei comigo: “eis aí mais um crente que virou suco”. Ele é o retrato de uma geração que está se desmaterializando psíquica, emocional e espiritualmente. Do desmantelo deste trinômio, outras desgraças acabam surgindo em seqüência. Para mim ficou claro que sua mente está totalmente cauterizada, pois ele parecia ter sofrido uma lavagem cerebral. O sincretismo de tantas “doutrinas” diferentes, criado a partir das várias denominações que freqüentou, construiu em sua consciência a configuração de um tipo de “evangelho” que nada tem a ver com Jesus Cristo. Sua matriz de valores é um aglomerado de conceitos tortuosos que mistura crendices, misticismo e “profetadas”.


Não tenho a intenção de ofender ninguém neste artigo. Se você pertence a uma “igreja” que tem essas características, caia fora de lá hoje, agora! E mais... Se alguém achar ruim, principalmente seu pastor, peça a ele para entrar em contato comigo! Terei prazer em conversar com ele... Meu querido(a), isso não é igreja, isso é macumba! É ambiente de mistura religiosa que sincretiza práticas medievais, doutrinas judaizantes, feitiçaria, religiões de mistérios e outras maluquices para espoliar gente inocente ou desesperada. Você não está lidando com profetas, mas com patifes! Não está tratando com homens do sagrado, mas com traficantes de ilusões, vendedores de barganhas com a “divindade”, intermediários de promessas ilusórias, feiticeiros da religião institucionalizada, gente perversa que age de forma pervertida.


Não acredite em nada do que estou falando. Eu posso ser um “agente de satanás” para afastá-lo do “verdadeiro caminho”. Contudo, eu lhe suplico: abra as Escrituras, releia os Evangelhos e as Epístolas, ore ao Espírito Santo para lhe esclarecer as verdades da fé e lhe dar discernimento espiritual e, em seguida, compare suas conclusões com as práticas que estão sendo executadas nestes terreiros religiosos. Tenho a certeza de que isso será suficiente para lhe revelar os contornos de quem serve a Deus, de quem serve a si mesmo e, não raro, de quem serve a satanás! 


Flávio, meu amigo, ficou de encontrar-se comigo esta semana. Não sei se será possível fazer algo por ele. É que sua alma virou pasta e sua consciência suco. Ele perdeu as referências mais básicas da vida, o senso crítico e o poder de avaliar as coisas com isenção. Foi engolido pelo “sistema”. Talvez já tenha ido tão longe que terá por destino fazer parte das estatísticas. Irá, mais cedo ou mais tarde, parar num consultório psicanalítico, com vistas a tratar as profundas distorções geradas em sua psique, ou voltará ao tremedal de lama de onde um dia imaginou ter saído, tornando-se exposto, aí sim, a ser possuído por espíritos sete vezes piores que os que, eventualmente, o atormentavam.


A construção de uma espiritualidade sadia e sustentável não passa por mudanças exteriores, as quais são apenas capazes de criar uma “caricatura espiritual”, um “boneco da religião”, um ser com linguagem de gueto, crenças distorcidas e comportamentos bizarros. Ela também não está associada a sucessivas mudanças de igrejas, seja por que questão for. Ouça meu conselho: ache uma séria, e fique nela. Viva a fé com simplicidade, relacione-se com um pequeno grupo de discípulos, leia com regularidade as Escrituras, ore com freqüência, e você verá que estes “fantasmas” que, eventualmente lhe assombraram, desaparecerão. 


Por fim, deixe que Deus opere em você as mudanças que se fazem necessárias. E lembre-se: Ele não descaracteriza ninguém, não muda sua beleza e singularidade, não avilta suas características básicas, não desconstrói sua alma, mas, em amor, pacientemente, ressignificará sua consciência para que você possa materializar uma espiritualidade conseqüente. Como bem disse Dom Helder Câmara “é preciso mudar mundo para ser sempre o mesmo”. Creia-me: as mudanças virão, mas não lhe tornarão alguém que você, de fato, não é.

George Lucas, o crente dos super-poderes



terça-feira, 16 de novembro de 2010

Cristianismo híbrido



Por Renato Vargens
Sabe aquele tipo de bebida que encontramos no mercado a qual não sabemos se é refrigerante ou água? Pois é, tenho a impressão de que o evangelho pregado por alguns segmentos dos chamados evangélicos é parecido com isso. Na verdade, determinados grupos sincretizaram de tal forma a fé que não dá para definir sua essência. Isto porque, a mensagem pregada em seus púlpitos é fruto de um cristianismo híbrido onde se encontram pressupostos cristãos e pagãos, espiritualidade e espiritismo, protestantismo e catolicismo.


Para piorar a coisa, tal práxis doutrinária e comportamental encontrou uma enorme aceitabilidade por parte da sociedade, e isto se deve ao fato de que as pessoas deste tempo, buscam desesperadamente por experiências e não a verdade. Elas não querem pensar, querem sentir; não querem doutrina, desejam novidades; não querem estudar a Palavra, querem escutar testemunhos eletrizantes; não querem adorar, querem shows; não querem Escolas Bíblicas, querem circo; não querem o evangelho da cruz, desejam o evangelho dos milagres; não querem Deus e sim as bênçãos de Deus.


Infelizmente estamos vivendo um tempo de paganização, onde cultos se fundamentam em impressões e achismos. Na verdade, o que determina o sucesso do culto não é mais a Palavra, mas o gosto da freguesia. A igreja prega o que dá ibope, oferecendo ao povo o que ele quer ouvir. Esse evangelho híbrido anuncia Cristo juntamente com o evangelho do descarrego, da quebra de maldições , da prosperidade material e não da santificação, da libertação e dos decretos humanos.


Prezados, como inúmeras vezes afirmei neste blog, confesso que estou absolutamente perplexo e preocupado com os rumos da igreja evangélica brasileira. Chego a conclusão de que mais do que nunca a igreja evangélica brasileira precisa URGENTEMENTE de uma nova reforma.


Soli Deo Gloria.


Renato Vargens

domingo, 14 de novembro de 2010

Deus nos ama e o resto, não importa.



O lado bom de chegar ao fundo do poço e ter certeza de que é o fim, é ter esta certeza derrubada por Deus quando um milagre acontece, e perceber que Ele nunca nos esqueceu.
O lado bom de cometer toda estupidez possível e ter certeza de que cruzamos todos os limites, é ser resgatado por Deus, o Pai, que com infinita misericórdia e amor nos abraça como se nada tivesse acontecido.
Para Deus nunca é tarde demais.
Para Deus nunca estamos sujos demais, errados demais, atrapalhados demais, com dúvidas demais.
Não importa o tamanho do erro que cometemos, para Ele, sempre seremos os seus filhos e ponto.
Ele nos abraça e nos sentimos como quando éramos crianças e brincando de bola com os amigos quebramos o vidro da janela do vizinho, assustados, corremos sem saber para onde ir e de repente, batemos de frente com o nosso pai, a pessoa que mais temíamos encontrar naquela hora. E nesse momento ele olha firme em nossos olhos, nos toma em seus braços, e diz:

- Vai ficar tudo bem.

É como se o mundo parasse por um instante, tamanha a nossa surpresa em encontrar tanto amor, carinho, conforto e compreensão na hora do nosso desespero.
Não importa o que as outras pessoas pensam, falam ou façam. Não importa o que você acha. Deus nunca, nunca, nunca te abandona.
Talvez alguma coisa esteja atrapalhando a sua visão e você não possa vê-lo.
Talvez haja muito barulho a sua volta e você não possa ouvi-lo.
Talvez você esteja machucado e desanimado demais e não queira mais nem mesmo se lembrar d’Ele.

Fonte: Descanso da alma
Não importa.
Deus não se esqueceu de você.
E se você tentar fugir d’Ele como o filho assustado que quebrou o vidro da janela do vizinho, não importa. Pois como o pai que quando viu o filho assustado foi ao seu encontro, assim também nosso Pai celestial nos encontrará e nos confortará.



Fonte: Descanso da alma

sábado, 13 de novembro de 2010

Sarando as Feridas



Carlos Moreira

Os “marcos” são mais facilmente esquecidos que as “marcas”. Eu explico: os acontecimentos negativos da existência humana como perdas, medos, traumas, traições, tem infinitamente mais capacidade de “MARCAR” a vida das pessoas do que as vitórias, alegrias ou desejos realizados, os “MARCOS”. E estas “marcas” que aparecem, invariavelmente, em nossa história, em maior ou menor escala, por vezes se constituem em feridas tão profundas que impedem o agir transformador do Espírito Santo e, por conseguinte, bloqueiam o apaziguamento de nossa consciência e a pacificação de nosso ser.

Nem o poeta me deixa mentir quando diz: “tristeza não tem fim, felicidade sim”. A poeira da existência impregnada na alma humana desconstrói sonhos, desmonta a esperança, torna a nossa alma um calabouço sombrio, uma masmorra de solidão, uma terra devastada, árida, não obstante ávida de encontrar paz e bem. Neste estado de ser e sentir, nesta estação outonal, respirar dói e tudo se torna enfado e canseira. Laura Limeira me ajuda a dizer isto em forma de poesia: Somando as perdas e ganhos da minha vida, descobri muitas marcas em mim... Marcas no meu olhar, pela tristeza que vi, quando, ingenuamente, acreditei em tudo, e vivi... No rosto, pelo esquecimento do sorriso, e por tanta lágrima derramar... Na dor da solidão por enfrentar, e calar sozinha, nem sei como, tanta emoção... Marcas na alma, hoje estraçalhada, diante de tantas insídias... Muitas são essas tais marcas da vida, que, iguais tatuagens, já não saem mais...”.

A pesquisadora norte-americana Judith Viorst, no seu livro Perdas Necessárias, ensina-nos que viver é aprender a perder. Sem este aprendizado, não se pode crescer. Perdas são uma das “marcas” geradas pela existência. “Elas envolvem não só a morte de pessoas queridas, mas incluem também a perda consciente ou inconsciente de nossos sonhos, expectativas impossíveis, ilusões de liberdade e poder, ilusões de segurança e a perda do nosso próprio "eu" jovem”, porque envelhecer é como perder-se de si mesmo.

E aqui surge uma indagação: haverá uma solução para isto? Pode Deus agir de tal forma que todo este embaraço e peso que carregamos faça apenas parte do passado sepultado e cravado na cruz? Será mesmo possível materializar as verdades do Evangelho em realidade para a vida? Ou são verdadeiras as palavras de Thomas Quincey: “não existe o esquecimento total: as pegadas impressas na alma são indestrutíveis”.

Em 1905, em Viena, uma paciente cega, paralítica e bulêmica sofria, sem saber as causas, e sem perspectiva de cura, desta “doença da alma”. Foi neste contexto que um médico neurologista, nascido na Checoslováquia, foi designado para acompanhá-la. Após 10 anos os sintomas da doença desaparecem. A paciente estava clinicamente curada. Nascia ali a psicanálise. A história verídica é de Ana O. – a paciente – e o médico era Sigmund Freud. Nossa história, não raro, foi marcada duramente por fatos que desencadearam transtornos profundos em nossa psique e acabaram por produzir imagens doloridas, traumas, medos e culpas que se acumularam no limo da nossa alma. Hoje, mesmo sem querer, eles são como fantasmas e, não raro, vêm nos assombrar.

Eu quero lhe trazer uma passagem bem conhecido das Escrituras para me ajudar a analisar, ainda que de maneira figurada, estes processos que geram feridas emocionais e os mecanismos que podem ser utilizados para curar almas adoecidas. O texto é Ezequiel capítulo 47 versos de 1 a 9. Trata da visão do profeta de águas que saem de dentro do Templo, descem pelo vale, onde a vegetação e toda a vida aquática e pantaneira estão destruídas, e deságuam no mar morto.

Aquele cenário que ali estava era mais do que real, mas também era um “holograma” espiritual do que se passava com a nação de Israel. Ele metaforizava o estado emocional e espiritual daquele povo que havia sido desterrado de maneira violenta para a Babilônia cerca de 70 anos antes. Muitos dos anciões que voltaram para a reconstrução dos muros e do Templo, por conta do decreto de Ciro, Rei da Pérsia – livros de Esdras e Neemias – haviam sido vítimas da barbárie dos Assírios. Suas almas estavam impregnadas com as imagens de lares destruídos, mulheres e crianças assassinadas, das portas de Jerusalém queimadas, da destruição do Templo, da morte dos príncipes e do escárnio sofrido pelo Rei Zedequias, que teve seus olhos vazados e, amarrado a grilhões de bronze, foi levado escravo entre os peregrinos. Este desfecho trágico era a conseqüência das consecutivas advertências de Deus contra os desvios do povo e podem ser vistos também na profecia do livro de Jeremias capítulo 37.

Agora vamos imaginar este retorno. O caminho é espinhoso, regado por lágrimas de desilusão e desespero. Essa gente está com as entranhas incrustadas de dores e de perdas. Suas almas foram assoladas pela tragédia, suas mentes guardam imagens fortes, duras, seus corações estão petrificados pela dor, seus olhos estão encharcados de lágrimas, de miséria e cólera. Questão: de onde foi que aquele povo tirou forças para reconstruir aquela cidade? Sim, porque ali estava uma gente destroçada, humilhada, subjugada, sem destino, sem esteio, sem chão, e agora se viam diante do desafio de recomeçar, no mesmo local, diante das ruínas que haviam deixado para trás. Como conseguiram? De onde tiraram forças?

Bem, eu creio que esta visão de Ezequiel simbolizava o prenúncio profético do que mais tarde iria acontecer. A visão de águas saindo de dentro do santuário prefigurava a maneira de Deus agir para curar o interior das pessoas. Olhe para este texto para além das realidades aparentes, pois a visão bem pode ser tratada como uma metáfora ou uma alegoria do autor, sem que isto represente perda para a aplicação espiritual do texto. Estudando filosofia, e entrando pelos caminhos da psicologia, você vai se deparar com estruturas chamadas de arquétipos. Quem melhor estudou sobre isto foi Carl Jung, quando tratou do inconsciente coletivo. O cenário metafórico da visão de Ezequiel é o arquétipo do que estava impregnado no inconsciente coletivo daquela geração de moribundos sobreviventes. Ali havia uma imensa carga de energia psíquica reprimida, pois aquela gente havia sido desterrada da vida. Por outro lado, também existia ali a premente necessidade de algo que pudesse materializar a fé necessária para curar as suas almas e levantá-los para a empreitada da reconstrução. É aí que entra a visão do profeta.

Eu não sei como está a sua vida. Não sei se você foi ou é vitima de abusos, de perdas, de dramas que marcaram profundamente sua alma e que te impedem de levar uma vida normal, equilibrada, que se manifesta numa espiritualidade sustentável, numa fé sadia. Não sei se o que lhe aconteceu lhe impede de exercer alguma atividade profissional, de constituir família, ou outra coisa que se torna limitante em sua existência. Mas quero lhe deixar algumas sugestões para sarar as feridas que, por vezes, a vida acaba por produzir.

Em primeiro lugar, utilizando-me alegoricamente do texto, quero lhe dizer que TODA CURA SÓ SE VIABILIZA NA VIDA QUANDO OCORRE DE DENTRO PARA FORA DO SER. Veja o verso 1 do capítulo 47: “Depois disso me fez voltar ao templo; e eis que saíam umas águas por debaixo do limiar do templo, e desciam pelo lado meridional do templo ao sul do altar”. Nós sabemos pela doutrina Neotestamentária que hoje somos o templo do Espírito Santo. O que o texto está explicitando, e também apontando de forma profética, pois mais tarde o próprio Jesus diria no Evangelho de João que aquele que nele cresse do seu interior fluiriam rios de água viva, é que a cura vem de dentro para fora, ou seja, não é um processo de reconstrução, mas de regeneração. Restabelecer este “santuário” tem implicações em ressignificar à fé, reimplantar uma nova consciência e transformar o coração de pedra em coração de carne. Este processo é algo que só pode ser feito e discernido espiritualmente. Sei que a escuta terapêutica e, por vezes, o tratamento medicamentoso é necessários para sarar dores e feridas na alma das pessoas. Mas nada pode ir tão fundo quanto estas ações, pois elas são demandadas pelo próprio Deus.     

Em segundo lugar, conforme os versos 3,4 e 5 do mesmo capítulo, O PROCESSO DE CURA DEMANDA UM MERGULHO EM NOSSAS “CAMADAS EXISTENCIAIS”. Vejamos: “Saiu aquele homem para o oriente, tendo na mão um cordel de medir; mediu mil côvados e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos tornozelos. Mediu mais mil e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos joelhos; mediu mais mil e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos lombos.Mediu ainda outros mil, e era já um rio que eu não podia atravessar, porque as águas tinham crescido, águas que se deviam passar a nado, rio pelo qual não se podia passar”. Aqui temos uma soma de elementos metafóricos. O rio representa a nossa própria vida, cheio de percalços e surpresas, de águas tranqüilas e corredeiras. E o “anjo” faz um convite ao profeta para que ele “mergulhe” neste rio, ou seja, para que entre nas águas, paulatinamente, consecutivamente. Um mergulho existencial, que passa pelos “caminhos” da vida, pelas escolhas, pelas decisões, pelas cenas doloridas, pelos momentos de tristeza, de solidão, de agonia, de desespero. E quanto mais o rio vai se aprofundando, menos o profeta tem controle de si mesmo. A cada passo, a cura vai chegando aos ambientes interiores, pois o Espírito vai revelando aquilo que produziu a doença e vai aplicando o bálsamo que produz a saúde. Há um momento, contudo, que todo o controle é perdido, pois o “anjo” leva o profeta aonde ele quer. Este anjo é uma figura do próprio Jesus, uma teofania, uma alegoria que aponta que Deus deseja que entreguemos a partir de agora o nosso caminho em suas mãos e deixemos que Ele a partir de então passe a nos conduzir.

Em terceiro e último lugar, conforme o verso 9 e consecutivos, A CURA SÓ SE MATERIALIZA QUANDO O QUE ESTAVA MORTO GANHA VIDA NOVAMENTE. “por onde quer que entrar o rio viverá todo ser vivente que vive em enxames, e haverá muitíssimo peixe; porque lá chegarão estas águas, para que as águas do mar se tornem doces, e viverá tudo por onde quer que entrar este rio. Junto ao rio, às ribanceiras, de um e de outro lado, nascerá toda sorte de árvore que dá fruto para se comer; não fenecerá a sua folha, nem faltará o seu fruto; nos seus meses, produzirá novos frutos, porque as suas águas saem do santuário; o seu fruto servirá de alimento, e a sua folha, de remédio”. Estas águas que saem do santuário são o lavar restaurador e regenerador do Espírito Santo em nossas vidas. Elas se materializam simbolicamente através do batismo e, a partir de então, Deus nos concede o poder de sermos feitos Seus filhos, membros de Sua família. Tudo o que estava morto ao nosso redor começa a ser chamado a vida novamente. Por isso Paulo nos afirma: “se alguém está em Cristo é uma nova criação. As coisas velhas já passaram, tudo se fez novo”. Quando as torrentes de águas do Espírito de Deus chegam ao “mar morto” de nossas vidas toda sequidão, toda podridão, tudo o que estava destruído e sem vida tornará a existência, será revigorado, será renovado na força do Seu poder. E a árvore que o texto aponta prefigura a nossa própria vida, gerando frutos em abundância, sendo utilizada para trazer cura às nações da Terra.     

Talvez você já tenha corrido atrás de muitas coisas em busca de cura. Não sei se já freqüentou templos de “igrejas”, ou fez parte de religiões e filosofias, tudo em busca de salvação. Mesmo assim, talvez, suas chagas ainda estejam expostas, doloridas, inflamadas, e você continua desejando ardentemente encontrar uma “folha” que produza um “ungüento” capaz de lhe trazer alívio, cura e paz. Pois eu quero lhe afirmar que o que você procura é Jesus! Ele, por vezes, não está nos “templos” das “igrejas”, nem presente no compêndio das muitas religiões criadas pelos homens, mas é incapaz de desprezar um coração contrito ou abandonar um espírito quebrantado. Se você realmente deseja ser curado, chegue-se a Ele, diga-lhe sem cerimônias: “preciso de ti”, e receba a cura. É apenas isto... Sim. Simples assim. Pois aquele que ama a Deus viverá apenas pela sua fé.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Fim ou recomeço?



Costumamos encarar o fim como a cessação de tudo, não é mesmo? Essa palavrinha de três letras é capaz de nos levar ao desânimo, ao sentimento de que tudo terminou. Mas, sabe de uma coisa? Todo fim enseja um recomeço.
No princípio, Deus criou o mundo e pôs nele o homem, e este o decepcionou. O que aconteceu? Bem, a vida no jardim do Éden perdeu o sentido. Fim? The End, como terminam os filmes de Hollywood? Não! Simplesmente, um recomeço. O Criador vestiu Adão e Eva de peles e estabeleceu novas metas para a humanidade. Enfim, o que passou, passou.

O fim do período da Inocência deu início ao da Consciência. E mais uma vez o homem decepcionou a Deus. Os descendentes de Sete — filho de Adão — se misturaram aos pecadores, e a Terra ficou cheia de violência e materialismo. Veio, então, o Dilúvio. Fim? Não. Recomeço. Deus preservou Noé e sua família, para com eles estabelecer um novo pacto e um novo período, o do Governo Humano.

Mais uma vez, os homens fracassaram, ao tentar construir uma cidade, com uma grande torre, para glória própria, esquecendo-se de que toda a glória pertence ao Criador (Is 42.8). O que fez Ele, pôs fim a tudo? Não! Frustrou aquele mau intento, a fim de que houvesse um novo começo para os homens.

[Não pense que Deus estava tentando ajudar o ser humano sem saber o que aconteceria. Quando o pecado entrou no mundo, o Senhor já tinha um plano estabelecido — tanto que Jesus Cristo é o “Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” (Ap 13.8); isto é, todos os cordeiros mortos desde a criação do mundo tipificavam o Cordeiro de Deus (Jo 1.29). Contudo, esses fins e recomeços eram oportunidades para a humanidade se reencontrar e entender os propósitos do Criador.]
Bem, o Governo Humano não deu certo, e a Torre de Babel caiu. Como diz a Palavra de Deus, “Do homem são as preparações do coração, mas do Senhor é a resposta da boca” (Pv 16.1). Quando fazemos planos e eles desmoronam, isso não significa o fim. Deus, naquela ocasião, espalhou as pessoas, para um novo começo: o período Patriarcal.

O Senhor fez alianças com Abraão, Isaque e Jacó, e nasceram aqueles que formariam as doze tribos de Israel, mas o livro dos começos, o Gênesis, terminaria de modo aparentemente trágico: “E morreu José da idade de cento e dez anos; e o embalsamaram, e o puseram num caixão no Egito” (Gn 50.26).

Que ironia! O livro que começa com uma frase cheia de vida “No princípio, criou Deus os céus e a terra” termina com morte, embalsamamento e caixão, palavras que gostaríamos de riscar do vocabulário! Mas não podemos nos esquecer de que cremos no Doador da vida! E de que a morte, para os seus servos, é um recomeço, em outra dimensão, a celestial! Nem a morte pode nos separar do amor de Deus (Rm 8.38,39).

Começa, então, o período da Lei, com a saída dos filhos de Israel do Egito — liderados por Moisés —, que não eram mais uma família, mas um grande povo. Esse período duraria até a plenitude dos tempos, quando Deus enviaria seu Filho, “nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos” (Gl 4.4,5).

No decurso desse período, entre os livros de Êxodo e Malaquias, houve vários fins e recomeços. E, como a humanidade não foi capaz de retomar o rumo segundo a vontade de Deus, mais um período dispensacional teria de acabar, como lemos em João 1.17: “a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo”.

Cristo, o verdadeiro Deus encarnado (Jo 1.1,14; 1Tm 3.16), dá início ao período da Graça. Mas somente a sua encarnação não seria suficiente. Teria Ele de passar pelas angústias humanas. O véu precisaria ser rasgado. E não estou falando do véu do templo, partido em dois para “dizer” que o caminho para a salvação está aberto. Para isso acontecer, um outro véu teria de ser rasgado: o corpo de nosso Senhor (Hb 10.20).

Jesus nasceu e morreu. Fim? Bem, se a sua morte fosse o fim, estaríamos perdidos. Mas... Ah, como eu gosto desta palavrinha também de três letras! Às vezes, até usamo-la de modo inconveniente, para criticar alguém: “Gosto de Fulana, mas...” Contudo, veja como ela se encaixa como uma luva em 1 Coríntios 15.17-20. Leia esta passagem agora, por favor.

Glória a Deus! Se Jesus não tivesse ressuscitado, a nossa fé seria vã e estaríamos perdidos. Mas Cristo ressuscitou! Que recomeço maravilhoso e triunfante, não acha? Imagine a alegria das mulheres que foram visitar o corpo de Jesus, e encontraram a pedra revolvida e o túmulo vazio (Mc 16.1-4). Que recomeço para elas, que já não tinham esperanças!

Você pode escolher ao passar por uma decepção ou tragédia uma das duas palavrinhas de três letras: fimou mas. É possível que você esteja enfrentando grandes angústias agora. Há, quem sabe, muitas decepções em seu coração: a perda de um ente querido em uma tragédia, a interrupção de uma gravidez, um sonho não realizado, uma enfermidade... Bem, você tem a oportunidade de deixar para trás as frustrações e começar uma nova fase da vida com alegria e satisfação.

O fim, como vimos, não é um fim em si mesmo. Então lembre-se de que sempre haverá um mas. Fico pensando o que seria de nós se alguns versículos terminassem antes dessa palavrinha. Imagine se Romanos 6.23 terminasse assim: “o salário do pecado é a morte”. Mas há um complemento animador: “o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor”.

Sabe, vou lhe confessar uma coisa. Um dos principais problemas que tenho ao escrever é a repetição da palavrinha mas. Já fui orientado por uma profissional da língua portuguesa e vivo me policiando sobre isso. Entretanto, neste artigo, estou me sentindo completamente à vontade para dizer quantos masforem necessários!

Afinal, temos dificuldades e aflições, mas o Senhor é o nosso Pastor! O Inimigo se levanta contra nós, masmaior é Aquele que está conosco! Os nossos corações nos condenam, mas maior é Ele do que os nossos corações! Você pode ter enfrentado uma grande dificuldade, frustrações e decepções; mas tudo isso acabará, se você tiver esperança, e uma nova fase de vitórias terá início, pois cremos que o fim traz um grande recomeço para aqueles que depositam a sua esperança em Jesus Cristo!

O mundo está em guerra. O Brasil, dominado pela corrupção. E, para piorar, tragédias não param de acontecer... O profeta Miquéias vivia dias semelhantes aos nossos (Mq 7.1-6). Contudo, havia um “porém”. Qual? A sua certeza em um recomeço em Deus estava inabalável, e ele exclamou: “Eu, porém, esperarei no Senhor; esperei no Deus da minha salvação: o meu Deus me ouvirá” (Mq 7.7).

Pessoas especiais morreram, mas Cristo está vivo e consola o seu coração. O ano pode não estar sendo bom para você, mas guarde a sua fé e a sua esperança, pois ainda surgirão grandes oportunidades, em Deus!

Bem, pensei em como terminar este artigo, e resolvi citar uma passagem que muito me anima: 
Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou” (Rm 8.37).

Ciro Sanches Zibordi

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Desesperado com o Inesperado


Por Carlos Moreira
"Na vida, você precisa ou de inspiração ou de desespero". Anthony Robbins. O desespero é algo universal e todos os homens o vivenciam, mesmo não tendo consciência plena dele.

Soren Kierkegaard, teólogo e filósofo dinamarquês do século XIX, um dos pais do existencialistmo, dedicou sua vida para entender o desespero no qual o ser humano, pela sua condição de estar no mundo, vive cotidianamente. Na sua obra "Desespero Humano - Doença até a Morte", ele procura refletir sobre o seu significado, tendo como questão principal a seguinte temática: será que o desespero advém, exclusivamente, de acontecimentos externos?

A princípio, para a grande maioria das pessoas, sim. É que a tragédia não marca nem dia nem hora para acontecer; materializa-se surgindo do nada e é sempre acompanhada por um poder avassalador. Num abrir e fechar de olhos destrói sonhos, desfaz esperanças, suspende projetos em andamento, acaba com relacionamentos afetivos, desconstrói histórias de sucesso, faz até mesmo cessar a vida, arrasa tudo o que encontra pelo caminho.

De fato, o desespero é muito mais do que um fenômeno social motivado apenas por fatores externos, mas, consiste também, de questões emocionais e interiores que podem nos remeter ao fracasso ou ao triunfo. O homem em desespero costuma se considerar uma vítima das circunstâncias, porque o desespero acaba revelando a nossa miséria e a nossa grandeza, trata da oportunidade de nos chegarmos a nós mesmos, ao nosso eu próprio. Quando esta “estação da vida” chega, surge com ela um momento singular, pois a crise pode levar-nos à superação de muitas de nossas interjeições e desencontros. Por isso, cabe perguntarmos: o que devemos fazer diante da perplexidade das tragédias? É legítimo, em situações como estas, indagar: será que existe Deus? Será que Ele me ama? Por que isto aconteceu justamente comigo?
Olhar para a tragédia exige um olhar desprovido de autocomiseração. É preciso, antes de tudo, entendê-la como sub-produto do fato de existir, do acumular nos pés a poeira que se faz pelo caminho da existência humana. Por isso, mesmo nas situações mais adversas, é possível semear no coração algo de bom, ainda que haja de se ter reverência para com a dor. Mas isto só é possível quando não sucumbimos em meio aos raciocínios simplistas, as construções fatídicas. Na verdade, o dia da perplexidade e do desespero sempre chega, e ele, invariavelmente, é solitário, por que surge da aparente indisponibilidade de Deus para conosco. Seu maior perigo não está na concretude dos fatos em si mesmos, mas nos desdobramentos que, a partir deles, podem sobrevir sobre a alma humana.
Foi justamente isto o que aconteceu com Jó, um homem atingindo por uma das maiores catástrofes narradas pela Bíblia Sagrada. Nela encontramos a “anatomia da tragédia”, a forma concatenada e quase planejada como, por vezes, a vida parece conspirar contra nós. E é aqui, neste vale da sombra da morte, onde teremos de escolher entre apaziguar o coração e aquietarmo-nos diante do inexplicável e do imponderável, ou darmos vazão a ira, ao ódio, ao medo, e permitir que se instaurem em nós as pulsões geradoras da amargura e da morte.
Mas quem é Jó? Curiosamente, não é um Hebreu, não é um “homem de Deus”, um membro da “fé institucionalizada” de Israel. Ele está para além das genealogias do sagrado, das heranças baseadas no “DNA de Abraão”. Contudo, no texto escrito cerca de 2.500 anos a.C., nos deparamos com um homem inculpe, reto, que teme a Deus e se desvia do mal. Casado, pai de 7 filhos e 3 filhas, Jó é um latifundiário próspero, dono de muitas terras, de rebanhos e manadas. Tem a seu serviço servos e servas e é tratado como o maior de todos os do Oriente. Não fosse isso bastante, é ainda um indivíduo devotado a valores – generoso, solidário e leal.

O texto do livro que tem o seu nome, por ser de estilo poético, e não narrativo, sem as preocupações sócio-históricas que dariam contornos outros ao seu drama, não retrata com detalhes a dimensão da desgraça que lhe sobrevém. O fato é que certo dia, Jó, sem qualquer explicação, sem que haja um motivo aparente, sem que exista uma lógica mensurável, sem que se delineie uma questão plausível, é alcançado pela tragédia. Vitimado por duas calamidades da natureza, fogo do céu e ventos do deserto, perde todas as suas plantações e terras e, conjuntamente a tudo isto, recebe a pior de todas as notícias de sua vida: seus filhos, filhas e netos estão todos mortos.

O desdobramento de todos estes fatos produz a desconfiguração existencial de Jó. Alquebrado pela vida, vitimado pelo inesperado, descontruído emocionalmente, ele começa a somatizar suas perdas através de tumorações que lhe rasgam a carne, feridas que vão dos pés até a cabeça. Não fosse isto o bastante, ainda tem de lidar com três amigos santarrões que, a todo custo, tentam lhe convencer de que tudo aquilo é fruto de um grande pecado que ele cometera e que insistentemente não confessara a Deus. Até a sua própria mulher, que já não suporta mais vê-lo em tais condições, dá-lhe como conselho o seguinte: “blasfeme contra Deus e morra!”.  

Como você se comportaria diante de algo desta magnitude? Eu penso que, o mínimo a ser feito, é requerer da vida uma explicação, um motivo, uma justificativa. E Jó vai em busca dela... Ele procura respostas, pede e até as exige. A sua boca se abre e dela sai uma dor que não se compara a nada. É a dor que dói por fora e por dentro, de dia e de noite. E é aí, neste estágio, não raro extremamente perigoso, onde começam os infindáveis e insondáveis questionamentos da razão humana: por que nasci, diz Jó? Por que isto me acometeu? Por que não morro de uma vez? Por que permites isto, Senhor? Por quê? Por quê? Por quê? É a queixa de um farrapo humano desesperado com o inesperado!

Mas, para todo inexplicável, sempre há algum tipo de explicação... Os existencialistas dizem que não há qualquer padrão na ordem dos fatos e das coisas e que tudo se desenvolve a partir de um movimento desordenado das escolhas humanas. Os espiritualistas dizem que a vida desenvolve-se a partir de um carma pré-concebido e que os seres humanos têm de experimentar as tragédias para poderem purgar os males de existências passadas. Os filósofos acreditam que o universo físico é regido por leis exatas, mas que a desordem e as injustiças não combinam com a existência de um Deus soberano. Assim, a tragédia é um acontecimento aleatório e sem qualquer propósito. Os religiosos falam que o trágico é conseqüência de uma teologia moral de causa-efeito que remete o ser humano a experimentar a desgraça sempre que ele faz algo que vai de encontro a Deus. Se alguém está sofrendo, é porque pecou.

E eu, na minha perplexidade, como alguém que já se deparou com o desespero muitas vezes, que conhece estes “ambientes” não apenas de ouvir falar, não de vislumbrá-los em livros, olho para estas definições de gaveta e não me satisfaço com nenhuma delas. Sim, de fato, elas não me servem como possibilidades de explicar a dor e o desespero humano, se é que isto, em si mesmo, pode supor algum tipo explicação. Jó, como bem diz Caio Fábio no seu livro “O Enigma da Graça”, tenta a partir de sua dor e desespero descatastrofizar a existência alcançada pela catástrofe, de tal forma a poder se livrar de todos os seus medos, inquietações e frustrações. Ao final o que encontramos no seu Livro é uma porção das Escrituras que fala da Graça, e não da desgraça. É o depoimento de um homem que mesmo em meio ao caos total, busca encontrar um bem maior, um sentido mais amplo, um propósito mais sublime para o que lhe acontece, pois, diz Jó, “eu sei que o meu Redentor vive e, por fim, se levantará sobre a Terra”.  

E assim, após cessarem todas as indagações, após retirarem-se todas as indulgências pessoais, após secarem-se as lágrimas e subtraírem-se todas as lamúrias, após o mar revolto ter se aquietado e os ventos tornarem-se brisa suave de fim de tarde, quando a escuridão da noite se fez luz do amanhecer que veio abraçar o raiar do dia, Deus pôde, enfim, falar com Jó. E aquele homem, desencontrado de si mesmo e de sua própria alma, começa a ser reconstruído, de dentro para fora, num novo ser, pois diz Jó, capítulo 42:1 “sei que podes fazer todas as coisas; nenhum dos teus planos será frustrado”.

No fim das contas, a melhor coisa que a tragédia pode fazer é nos levar a rendermo-nos a soberania absoluta e inquestionável de Deus. A dor, talvez, jamais nos deixe, mas, se serve como consolo, “temos esse tesouro em vasos de barro, para mostrar que este poder que a tudo excede provém de Deus, e não de nós. De todos os lados somos pressionados, mas não desanimados; ficamos perplexos, mas não desesperados; somos perseguidos, mas não abandonados; abatidos, mas não destruídos. Trazemos sempre em nosso corpo o morrer de Jesus, para que a vida de Jesus também seja revelada em nosso corpo. 2ª Co. 4:7-10.

sábado, 6 de novembro de 2010

Família e igreja uma combinação saudável.



Por Renato Vargens
 
Nós que experimentamos a salvação por intermédio de Cristo desenvolvemos um eterno sentimento de gratidão a Deus. Isto porque, estávamos mortos, distantes da comunhão do Pai, destituídos de sua benignidade, bem como, atolados em nossos delitos e pecados. Entretanto, mediante a sua eterna misericórdia e infinito amor, Deus compadeceu-se da nossa miséria enviando-nos então o seu filho para morrer em nosso lugar. Como somos gratos! O que seria de nós sem o Senhor? Que sentido teria a vida sem Jesus Cristo? Ele nos redirecionou, nos deu esperança, libertou-nos das garras do diabo, deu-nos alento para a alma, força para viver. Que descoberta maravilhosa é o Evangelho! Que tesouro precioso são as Boas Novas da cruz de Cristo!  
 
Viver para Deus e simplesmente maravilhoso. Sem sobra de dúvidas a vida ganhou um novo sentido quando descobrimos a raiz do verdadeiro amor e perdão. Milhões de pessoas em todo globo, após encontrar-se com Jesus mergulham de corpo e alma na pregação do evangelho e no desenvolvimento da vida comunitária, isto é maravilhoso! É fantástico a gente ver o povo de Deus vivendo e pregando o evangelho em todos os lugares possíveis e imagináveis. Entretanto, ao contrário do que pensamos nem sempre isto significa a melhor coisa a ser feita. Isto porque, em nome de uma espiritualidade capenga, no afã de servirmos a Deus na igreja, esquecemos nas prateleiras empoeiradas das nossas vidas pessoas importantes como cônjuges, filhos e família. 
 
Caro leitor, é impossível viver a vida cristã sem o salutar hábito de servirmos a Deus na Igreja. Ao nascer de novo somos tomados por uma vontade substancial de sermos úteis ao nosso Senhor e ao seu Reino. Contudo é de fundamental importância que entendamos que o servir a Deus e a família não são coisas autoexcludentes.
 
A espiritualidade saudável faz com que compreendamos que no Reino de Deus existe tempo e espaço para tudo. Existe tempo, para pregar o Evangelho, para visitar os enfermos, para aconselharmos os carentes, bem como para brincar e rir com os nossos filhos, passear com a esposa, além obviamente de desenvolver no lar uma ambiência de aconchego e amizade. O que adianta ganhar o mundo para Cristo e perder os filhos para as drogas ou álcool ? Ou falar entusiasticamente do amor de Deus para os desfavorecidos sem contudo ser capaz de demonstrar com um gesto de carinho sequer amor pelo cônjuge? A vida Cristã não deve estar fundamentada nos cacoetes da espiritualidade, mais sim nos princípios irrefutáveis da Palavra de Deus.
 
Somos chamados para vivermos a vida de forma equilibrada. O Senhor nosso Deus deseja que estejamos extremamente engajados na expansão do Reino. Ele quer que sejamos crentes ativos, pregadores da justiça, servidores da comunidade e anunciadores das Boas Novas. Entretanto, não significa dizer que por fazermos isso, devemos deixar de lado a nossa família. Antes pelo contrário, o desejo do Pai é que sejamos pregadores da justiça em nossa casa, que sejamos servidores de nossos filhos e cônjuge. Se fizermos isso, aí sim, aqueles que nos amam entenderão que vale a pena servir o Deus do evangelho.

Soli Deo Gloria