Bem vindo!

BEM VINDO!

Ex officio é uma expressão latina que significa "por dever do cargo, por obrigação"; muito utilizada no contexto jurídico para se referir ao ato que se realiza sem provocação das partes. Para o contexto do cristianismo, um "cristão ex officio" é aquele que não espera ser provocado ou "incentivado" para ter uma atitude padronizada em Cristo; as atitudes fluem como instinto. Sinta-se livre neste ambiente para opinar, concordar, discordar, sugerir... Desde que de forma respeitosa.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Heróis de Barro



Carlos Moreira

É, talvez eu seja simplesmente como um sapato velho, mas ainda sirvo se você quiser, basta você me calçar que eu aqueço o frio dos seus pés”. Sapato Velho - Roupa Nova.


Não sei você, mas eu sempre tive a tendência de olhar para os homens e mulheres de Deus nas Escrituras como heróis. Cada vez que lia suas histórias minha lista de Hebreus 11 aumentava. Aqui e ali, ia adicionando nomes ao meu “rol dos fantásticos”.

Lembro que, desde sempre, mensurei a questão de forma simples: herói tem de ser herói mesmo! Gente resignada, obstinada, focada em um propósito existencial. Gente de envergadura, de caráter, que estivesse disposta a gastar a vida em prol de uma causa, de sofrer pela pureza de sua fé, de servir a todo custo, de soerguer-se das quedas, de perseverar nas situações mais dramáticas. Herói, para mim, tinha de ser de aço: firme, forte, inquebrável!

Mas os anos se passaram... E já se foram 28 desde que conheci a Jesus. Neste tempo acabei entendendo que heróis de aço são, no fundo, homens de barro. Sim amigos, heróis também cansam e caem, mesmo que não queiramos acreditar nisso. Heróis que nunca perdem só existem nas histórias em quadrinhos...

Cazuza, já no fim da vida, talvez alquebrado pelas dores da doença que o vitimou, consciente das banalidades da vida, da futilidade dos dias, da mesmice dos tempos, do vazio da alma, colocou em sua poesia urbana a frase “meus heróis morreram de overdose”. Os meus, é certo, disto não morreram, sobretudo porque suas causas eram outras. Mas, como a velha roda de moinho que se desfaz junto ao poço, também se esfarelaram pelos córregos da vida, deixando o pó das perdas e dores se diluir na pequena corrente de água que vai, como a existência humana, rio abaixo.

Hoje, depois que entendi que “as marcas marcam mais do que os marcos”, comecei a olhar para os meus heróis com um olhar mais pragmático, mas não menos misericordioso. Noé, meu irmão na fé, ficou tão embriagado a ponto de tirar a roupa e dançar nu; Moisés, olhando para o poder bélico do Egito, sugeriu que Deus escolhesse outro “otário” para libertar o Seu povo; Abraão, o pai da fé, com medo de morrer, mentiu ao Faraó dizendo que Sara, sua mulher, era sua irmã; Jacó roubou o irmão e, achando pouco, enganou o pai que estava cego; Sansão, o juiz de Israel, se enrabichou por uma meretriz que lhe roubou, não só o coração, mas também a vida; Gideão era covarde; Eli não soube criar os filhos; Saul vivia remoído pela inveja; Davi, depois de adulterar com a mulher de seu general, mandou traiçoeiramente matá-lo; Jó quis justificar-se diante de Deus como alguém inculpe; Jeremias sofria de baixa auto-estima e vivia amargurado; Elias, com medo de Jezebel, fugiu para o deserto, entrou numa caverna e deprimiu-se; Jonas torcia para que a cidade de Nínive fosse detonada. Não tenho dúvidas: pareciam homens de aço mas, no fundo, eram apenas heróis de barro!

Se sairmos do Velho Testamento e avançarmos pelo panteão de “ícones” do Novo a coisa não muda em nada. Tiago e João queriam dizimar com fogo a aldeia dos indefesos samaritanos; Judas, frustrado com o Senhor, vendeu-o por 30 moedas de prata e suicidou-se; Pedro, na hora do aperto, negou a Jesus, mesmo dizendo que por Ele morreria e Tomé, para completar o grupo dos “maravilhosos” discípulos de Cristo, duvidou de Sua ressurreição.

Para não ser cansativo, abreviei a lista dos “notáveis”... Deixei de fora, contudo, um homem que sempre me chamou a atenção na sua fraqueza: Paulo. Sim, o grande apóstolo, ao final de seus dias era apenas “Paulo, o velho”.

Lendo suas epístolas você verá que o ímpeto e o arrojo dos primeiros dias já não existiam no final. Saulo de Tarso, que sempre fora voluntarioso e prepotente, agora vivia em fraqueza. Sim, estou falando de Paulo, eu sei, com todas as cores que lhe são inerentes, com seus acertos e erros, com suas virtudes e defeitos. Um herói de aço frágil como o barro!

O “apóstolo dos gentios”, preso numa cela fria, privado do convívio da igreja, longe daqueles a quem amava, era apenas um vaso de barro, quebrado pela dureza dos dias, moído pela longevidade do tempo. O homem que parecia ser incansável nos seus propósitos, por fim, sentiu-se só. Afirmou: “todos me abandonaram”. Estava cansado, abatido, talvez com medo. Sentia-se, quem sabe, como um “sapato velho”, que ainda podia ser útil se fosse "calçado", mas, aquela altura, quem o desejaria "calçar"?

“A Igreja é o único exército que mata os seus feridos”. Caio Fábio. Os fracassos dos homens e mulheres de Deus não os desqualificam nem os tornam menores, pelo contrário, para mim, eles crescem ainda mais, sobretudo porque se tornam humanos, seres de barro, não de aço!

Por isso, continue seguindo, não deixe de lutar, “pelas armas da justiça, quer ofensivas, quer defensivas; por honra e por desonra, por infâmia e por boa fama, como enganadores e sendo verdadeiros; como desconhecidos e, entretanto, bem conhecidos; como se estivéssemos morrendo e, contudo, eis que vivemos; como castigados, porém não mortos; entristecidos, mas sempre alegres; pobres, mas enriquecendo a muitos; nada tendo, mas possuindo tudo”.

Por que escrevi isto hoje? Não sei... Talvez porque esteja cansado, desiludido, e me sentindo só... A semana que passou foi muito difícil e toda segunda feira, diferentemente do que você talvez imagine, eu penso em parar. Sei que não sou um herói da fé. Talvez jamais seja. Não tenho estirpe para ser alçado a este platô. Mas, para um pequeníssimo grupo de irmãos e irmãs eu sou pastor. Sei que eles me amam e que esperam de mim uma postura compatível com o “cargo”. Mas sei também que, não raras vezes, não sou, nem de longe, o que eles precisariam que eu fosse. Não dá! Não consigo! Cansei de tentar ser de aço. No fundo, gostaria apenas de ser de barro, pois barro gente, se quebra mesmo...


sábado, 29 de janeiro de 2011

Cuidado! Não esqueça o principal


Por Renato Vargens

Conta a lenda, que certa vez uma mulher pobre com uma criança no colo, ao passar diante de uma caverna, escutou uma voz misteriosa que lá de dentro dizia: "Entre e apanhe tudo o que você desejar, mas não esqueça o principal. Lembre-se porém de uma coisa: depois que você sair, a porta se fechará para sempre! Portanto, aproveite a oportunidade, mas não esqueça o principal..." A mulher entrou na caverna, e lá encontrou muitas riquezas. Fascinada pelo ouro e pelas jóias, pôs a criança no chão e começou a juntar ansiosamente tudo o que podia em seu avental. A voz misteriosa então, falou novamente: "Você só tem oito minutos." Esgotados os oito minutos, a mulher carregada de ouro e pedras preciosas, correu para fora da caverna e a porta se fechou... Lembrou-se então, que a criança ficara lá dentro e que a porta estava fechada para sempre! A riqueza durou pouco, e o desespero durou para toda a vida. 

Pois é, o mesmo acontece às vezes conosco. Temos muitos anos para vivermos neste mundo e uma voz sempre nos adverte: "Não esqueça o principal!" E o principal são os valores espirituais, a oração,a vigilância, a família, os amigos, a vida! Mas a ganância, a riqueza, os prazeres materiais nos fascinam tanto, que o principal vai ficando sempre de lado... Assim, esgotamos o nosso tempo aqui e deixamos de lado o essencial: “Os tesouros da alma”.

Caro leitor, a luz deste pequeno conto gostaria que você respondesse para si mesmo dizendo o que o dinheiro tem significado para você?

Lembre-se que lamentavelmente por amor ao dinheiro, muita gente tem negociado seus valores, vendido a moral e abandonado a família e não são poucos que em virtude disto tem perdido seu lar e seus filhos.

Pense nisso!

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O Diabo vai ao Analista



Carlos Moreira

Todos nós possuímos certos mecanismos que, em psicologia, chamam-se mecanismos de defesa.
  Eles têm por finalidade reduzir manifestações que podem colocar em perigo a integridade do “ego” – uma instância da personalidade definida como o nosso eu mais perceptível.

Quando o indivíduo não consegue lidar com determinadas situações, entra em ação estes mecanismos de defesa, processos subconscientes ou mesmo inconscientes que acabam permitindo a mente encontrar uma solução para o conflito que não pôde ser resolvido no nível da consciência.

Esses mecanismos de defesa têm por base a angústia. Quanto mais angústia, mas fortemente atuam. Freud estudou bastante este tema e nos revelou que um dos mais importantes destes mecanismos é a “Projeção”. Trata-se da transferência de atributos pessoais de determinado indivíduo – pensamentos inaceitáveis ou indesejados, por exemplo – a outra pessoa.

O filósofo Ludwig Feuerbach, estabeleceu paralelos entre sua teoria da religião com a idéia de projeção psicológica, e escreveu como uma de suas conclusões que, “a concepção de uma divindade antropomórfica, trata, na verdade, de uma projeção dos medos e ansiedades dos homens”. Foi dentro deste contexto que escreveu uma de suas frases mais famosas: “Deus foi criado à imagem e semelhança do homem”.

Posto isto, base mínimia para as argumentações que se seguem, quero especular sobre um fenômeno que, como pastor, tenho presenciado sistematicamente na “escuta terapêutica”: a atribuição ou transferência de culpa de atitudes das pessoas para a figura do “diabo”.

Em nossos dias, o “diabo” é o grande culpado por boa parte dos problemas que enfrentamos e este “fenômeno”, pasmem, carrega em si até certo grau de espiritualidade, pois, afinal de contas, o sujeito está sendo “atacado por “satanás”! Como já citei em outros textos, o diabo na “igreja” é criatura das mais conhecidas e reverenciadas. Não raro, é tratado com status de ator Hollywoodianopop star gospel, chega a dividir com Deus boa parte das citações em um sermão.   

Só que, até hoje, ninguém nunca havia avaliado os supostos “estragos” que eventuais acusações e transferências causaram na “alma” do “tinhoso”. De tanto ser culpado por coisas que jamais realizou, atos que não cometeu e situações das quais não participou, o diabo começou a desenvolver certas deformidades comportamentais. No começo era apenas um leve sentimento de culpa, mas a coisa se aprofundou e começou a virar disfunção de auto-imagem. Em seguida, baixa auto-estima, depressão e, por fim, síndrome do pânico!

Apavorado com a situação e, de forma recorrente sendo acusado pelos “crentes” como culpado de tudo que lhes sobrevém, o diabo resolveu, como recurso último, já num grau de desespero extremo, ir ao analista. O trecho abaixo é parte da anamnese realizada pelo psicanalista no primeiro contato que teve com o “rabudo”.

(Terapeuta) Vamos lá, deixe essa timidez de lado, pode falar. O que lhe incomoda?

(diabo) Doutor eu estou me sentindo muito mal... sinto ânsia de vômito, sudorese,  taquicardia e, as vezes, pânico!

(Terapeuta) Sei, mas ao que você atribui tais sintomas?

(diabo) Bem, doutor, eu estou carregando um fardo muito pesado. Os “crentes” colocam a culpa em mim por tudo o  que lhes acontece. Isso tem gerado um constante estado de angústia. O Sr. tem idéia do que é ser acusado por algo que, em absoluto, realizou?

(Terapeuta) Não. Dê-me um exemplo para que eu possa entender melhor?

(diabo) O cara é um safado; vive no trambique... nota fria, caixa dois e tudo mais. Um dia chega à fiscalização e o cretino afirma: “isso é coisa do diabo!”. O sujeito não ora, não lê a bíblia e aí diz que sua falta de disciplina é “coisa do diabo!”. Ele não cria os filhos com valores, com princípios, em casa é o pior exemplo possível, e quanto eles se desencaminham na vida, assevera: “isso é coisa do diabo”!

(Terapeuta) Realmente, isso é algo muito sério...

(diabo) É doutor, mas não fica só nisso não... Veja só: o sujeito toma uma decisão sem   pensar, irrefletidamente, e o que ele diz quando bate com a cara na parede: “isso é coisa do   diabo”! Se tem um temperamento descontrolado, iracundo, provocador, toda vez que se   desentende com alguém conclui: “isso é coisa do diabo”! Quando se endivida, desorganiza-se financeiramente por não conseguir segurar o cartão na carteira, diz que está “quebrado”   porque deu uma “brecha para o diabo!”.

(Terapeuta) Cidadão, a situação é complicada.

(diabo) E tem mais doutor... O cara vem cheio de paranóias, uma família pra lá de louca,   alma desestruturada, traumas, medos, e diz que a “doideira” dele é "coisa do diabo".   Imagina?! O sujeito é mal amado, mal resolvido, carente, paranóico, e tudo é “coisa do   diabo!”. Se o cara mergulha no vício, o que eu ouço? “Isso é coisa do diabo”. Se vive na   mentira, diz que o responsável sou eu, afinal, eu sou o “pai da mentira”! A desgraça torna-se   ainda maior porque eu não ganho nada com isso! Falam o tempo todo no meu nome, mas,   “crédito” que é bom, nada! Assim não tem quem agüente!

(Terapeuta) Bem meu “amigo”, seu tempo, infelizmente, acabou. Como disse, estou achando   que você está muito ansioso. Vou ter de lhe receitar um ansiolítico!

(diabo) Para que serve?

(Terapeuta) Para controlar a sua ansiedade.

(diabo) Você está louco! Eu vivo de gerar ansiedade nos outros e você quer tirar a minha?   Doutor creia-me, estou com muito medo de não ter mais nada o que fazer contra a existência   humana.

(Terapeuta) Mas seu diabo, como é que o senhor ganha à vida?

(diabo) Bem, eu vivo de gerar medo, culpa, angústia e ansiedade nas pessoas. Eu mato os   seus sonhos, roubo suas sensações, destruo suas almas. Na verdade, sou um grande   “coreógrafo”. Crio cenários para as pessoas atuarem na “peça”, mas elas é que fazem as   escolhas e desempenham os “papéis”.

A seção termina... O analista diz: “bem, vá até a farmácia, compre o medicamente, e me ligue! Vamos avançando no tratamento...”.  O diabo se despede, sai cabisbaixo, arrastando o rabo, deprimido, e dirige-se a drogaria mais próxima. Aí toca o telefone da secretária. O doutor diz: “manda entrar o próximo”, e entra o outro paciente... É um “crente”. O doutor pergunta:

(Terapeuta) Bem, meu amigo, qual é o seu problema?

(“Crente”) Doutor, estou meio sem jeito.... É que eu dei uma “brecha” sabe, uma escapadela;   traí minha mulher.

(Terapeuta) E quando foi isso?

(“Crente”) Ah doutor, tem sido algo constante. Antes de vir para cá, por exemplo, aconteceu. 

(Terapeuta) Mais meu amigo, o que você acha que está acontecendo na sua vida afetiva?

(“Crente”) Não sei doutor, tenho pensado muito sobre esse assunto... e foi assim   que cheguei à uma conclusão: “isso é coisa do diabo”!

Aí o analista exaltado levanta-se da cadeira, faz cara feia e esbraveja: “deixe de ser safado! Que diabo coisa nenhuma! O diabo acabou de sair daqui ainda agora, deprimido, mais pra baixo do que rabo de elefante, e você me vêm com este papo da carochinha! Tome vergonha na sua cara e assuma a responsabilidade por seus atos...”.

É amigos, como disse Stendhal: “Quem se desculpa, acusa-se”.

Quero deixar claro: creio que o diabo existe e que, segundo Jesus e o Evangelho, ele veio para “roubar, matar e destruir”. Creio que é o “acusador dos irmãos”, que precipitou-se do céu por querer ser igual a Deus, que subverte toda a beleza da criação e conspira contra o que é bom e faz o bem aos filhos de Deus. Creio que anda ao derredor como “leão que ruge”, louco para tragar algum incauto. Agora, dizer que tudo o que ocorre no meio “evangélico”, na vida de gente que não tem temor nem de Deus, quanto mais do diabo, é coisa do capeta, aí já é demais para mim! Diante disso, meu mano, só dá para pensar o seguinte: durma o diabo com um barulho desses...

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Ester - o drama de uma rainha corajosa


Drama, poder, romantismo, intriga - estes são os ingredientes principais dos romances de maior sucesso. Mas muito longe de descrever uma obra ficcional moderna, estas palavras descrevem uma história verdadeira, vivida e escrita há séculos. Mais do que uma leitura de entretenimento, trata-se de uma história que narra a profunda interação da soberania de Deus e da vontade humana. Deus preparou o local e a ocasião, e seu povo, Ester e Mardoqueu, escolheu agir.
O livro de Ester tem início com a rainha Vasti se recusando a obedecer a uma ordem do seu marido, o rei Assuero. Ela foi posteriormente destituída, e teve início a busca por uma nova rainha. O rei enviou um decreto para que fossem reunidas todas as belas mulheres do império e levadas ao harém real. Ester, uma jovem judia muito bonita, estava entre as escolhidas. O rei Assuero ficou tão encantado com Ester que a escolheu para ser sua rainha. 
Enquanto isso, Mardoqueu, primo mais velho de Ester, tornou-se um oficial do governo e durante seu mandato descobriu um plano para assassinar o rei. Nesse tempo, o ambicioso e auto-suficiente Hamã foi escolhido como a segunda pessoa no comando do império. Quando Mardoqueu se recusou a curvar-se em reverência a ele, Hamã ficou furioso e determinado a destruí-lo e a todos os judeus com ele.
Para realizar esse intento vingativo, Hamã enganou o rei e o persuadiu a expedir um edito condenando os judeus à morte. Mardoqueu contou à rainha Ester sobre este edito, e ela decidiu arriscar sua vida para salvar seu povo. Ester convidou o rei Assuero e Hamã para um banquete. Durante o banquete, o rei perguntou o que ela realmente queria, e lhe prometeu dar qualquer coisa. Ester apenas convidou o rei Assuero e Hamã para outro banquete no dia seguinte.
Naquela noite, sem conseguir dormir, o rei começou a mexer em alguns registros nos arquivos reais quando deparou com a trama de assassinato impedida por Mardoqueu. Surpreso ao ver que Mardoqueu nunca havia sido recompensado por seu feito, o rei perguntou a Hamã o que deveria ser feito para agradecer a um herói de forma justa. Hamã, pensando que o rei estivesse se referindo a ele, descreveu uma generosa recompensa. O rei concordou, mas para espanto e profunda humilhação de Hamã, ele soube que Mardoqueu era a pessoa a ser honrada.
Durante o segundo banquete, o rei novamente perguntou a Ester qual era o seu pedido. Ele respondeu que além havia conspirado para destruí-la juntamente com seu povo, e então acusou Hamã de ser o conspirador. Imediatamente o rei sentenciou Hamã a morrer na forca que ele havia preparado para Mardoqueu.
No último capítulo desse drama da vida real, Mardoqueu foi escolhido para ocupar o lugar de Hamã, e os judeus receberam proteção por toda a terra. Para celebrar essa ocasião histórica, foi estabelecida a Festa do Purim.
Devido ao corajoso ato de Ester, toda uma nação foi salva. Ao enxergar uma oportunidade dada por Deus, ele a agarrou. Sua vida fez a diferença.
Leia o livro de Ester e aguarde a operação de Deus em sua vida. Talvez ele tenha preparado para agir em tal tempo como este.
Fonte: Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Uma Janela para a Vida



Carlos Moreira


A porta abriu-se e eu dei de cara com aquela quitinete toda pintada de amarelo ovo. Achei estranho, mas a “casa” tinha vida própria; braços, pernas, olhos e ouvidos. Nela mora “a menina das palavras”, uma escritora e poetiza que fez de São Paulo o seu mundo, ou seu lugar. 

Ela me mostrou seu “cantinho” com especial deferência, mas deu destaque aquela janela, uma que dá para a rua onde mora. Debruçada sobre ela, vê a cidade de um ângulo privilegiado; observa sem ser observada, espreita a vida bem dali. Incólume, assisti a tudo o que se passa; pessoas correndo, carros buzinando, motos barulhentas, ônibus fumacentos, o fluxo da vida que vem e vai. Às vezes chove; às vezes faz calor; há dias de “trevas”, mas ela me disse que o “sol” sempre dá as caras...

Enquanto conversávamos, percebi que daquela janela não se vê apenas a rua, a cidade, mas o mundo. Sim, tudo pode ser observado dali, a grande passarela por onde a vida desfila, a vida como ela é – dramas e dores, medos e temores – tudo do que gente é feito. Aí ocorreu-me: no que pensam essas pessoas que, tão apressadamente, correm de um lado para outro? Quem são elas? Onde moram? Como vivem? Quais são seus sonhos, medos, inquietações? Difícil decifrar... O tempo nos permite apenas um relance de olhar. 

Os olhos são a candeia do corpo. Quando os seus olhos forem bons, igualmente todo o seu corpo estará cheio de luz. Mas quando forem maus, igualmente o seu corpo estará cheio de trevas”. Lc. 11:34.

O texto “solto” pode não nos dizer grandes coisas. Dentro de seu contexto imediato, todavia, ganha novos significados. Jesus acabara de dizer aos seus ouvintes, que lhe pediam insistentemente um “sinal”, que eles precisavam atentar para o que acontecera ao profeta Jonas.

A história de Jonas nos revela um homem acometido de uma terrível enfermidade, uma doença que lhe atacara os olhos, pois sua visão havia se tornada embotada, seu aparelho visual estava daltônico, incapaz de ver as cores, a beleza, o brilho da luz. Jonas olhava, mas não enxergava. Sua consciência havia se cauterizado pela dureza e perversidade da sociedade na qual vivia. Era assim que ele percebia a grande metrópole de Nínive, 100 mil pessoas indo e vindo, desencontradas de si mesmas, de um propósito maior.

Na “janela” de Jonas a vida perdera a sensibilidade, a magia, a singularidade. Sobrara-lhe, apenas, a realidade. Ele já não possuía mais a capacidade de sonhar, de acreditar, de alçar vôos, de adentrar mares. Mas algo inusitado o esperava. Ao tentar fugir de Deus e de seu destino, foi parar num dos “antros da terra”, no lugar mais improvável da existência. Você conhece a história. Espero que entenda a alegoria... Sozinho, amedrontado, desprovido de tudo, sem controle de nada, rendeu-se a si mesmo e a soberania de Deus. “Os olhos do espírito só começam a ser penetrantes quando os do corpo principiam a enfraquecer”. Platão.

Ao sair dali, rumou de volta para Nínive. Seus olhos, entretanto, já não eram mais os mesmos... A escuridão na qual havia ficado lhe abrira novamente as percepções e sentidos. Agora, mesmo vendado, seria capaz de enxergar. Num relance, discerniu toda aquela miséria, a futilidade das almas que ali viviam, a banalidade de suas vidas, a inutilidade de seus dias.

Mas Jonas agora podia ver aquilo que antes lhe era impossível. Onde havia trevas ele viu luz; onde havia morte ele viu vida; onde havia desesperança ele viu oportunidades; onde havia dor ele viu alegria; onde havia enfermidade ele viu a cura. Sua mensagem de amor e graça deu a cidade a chance de reescrever uma nova história.

Quero lhe dizer algo: a vida nem é boa nem é má – ela é como é. São os teus olhos que lhe dão sentido e significação. A maneira como você perceber as situações, os acontecimentos, é o que dará a cada fato a sua “tonalidade” própria – cinza chumbo ou azul turquesa.

Se os teus olhos forem bons, capazes de olhar para o outro com reverência, para a dor com solidariedade, para a perda com gratidão, para o lamento com alegria, para a amargura com contentamento, para a injustiça com esperança, todo o teu corpo se usufruirá disto, e você terá saúde física, emocional e espiritual, será como uma candeia em meio à escuridão.

Do contrário, tudo o que se poderá perceber através de teu olhar será um grande amontoado de fatos desconexos, uma realidade caótica, uma sociedade perversa, um “deus” bizarro, sadista, que trata seres humanos como marionetes circenses. Sim, você enxergará as pessoas como uma multidão de gente louca, indo do nada para lugar algum, pois, certamente, se os teus olhos forem maus, que grandes trevas habitarão o interior de teu ser. Por isso, nunca se esqueça do que disse Saint-Exupéry: “Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível para os olhos”.


sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

"Todo Mundo Quer ir Para o Céu, Mas Ninguém Quer Morrer"



Carlos Moreira

O problema de vocês ocidentais cristãos é que vocês têm milhões de jovens querendo viver... Nós, ao contrário, temos milhões de jovens querendo morrer!”. Osama Bin Laden.

Inicialmente fiquei chocado com a frase, pois, a primeira vista, ela não me fez muito sentido. Ao depois, entretanto, quando minhas categorias político-filosóficas-religiosas entraram em ação, aí sim, compreendi o que o famoso terrorista da rede Al Qaeda quis dizer.

O fundamentalismo religioso não é regalia dos Mulçumanos. Pelo contrário, quem conhece um pouco mais a fundo a Religião Islâmica sabe que a proposta é totalmente diferente do estigma criado, sobretudo depois do 11 de setembro de 2001, com os ataques as Torres do World Trade Center. 

Deixemos os idealismos de lado... Fundamentalismo existe em qualquer religião. Entre os evangélicos, então, o que dizer? Quer mais ortodoxia e aberrações do que temos em nossas “denominações”? Quer mais manipulação e catarse emocional do que em certos “cultos”. Quer mais espoliação e pressão psicológica na pregação de determinadas “doutrinas”? Ora, quem não conhece “o jogo” é que fica de tolo, mas a gente já está nisto há muito tempo para ser ludibriado...

A frase do Osama choca-nos não porque saibamos que há um exército de meninos e meninas sendo treinados para fins perversos, que não consegue discernir o tamanho da maldade da qual eles se tornaram vítimas, pois tiveram suas consciências cauterizadas pela “palavra” e pela subversão da “religião”. O que surpreende é o desejo dessa gente de sacrificar a própria vida em função de algo no qual eles crêem, de imaginar estar sendo usado para cumprir um propósito divino, agradar a “deus”, ser  a "vara de seu juízo" na Terra.

Nietzsche disse certa vez “no ocidente não há ninguém mais disposto a morrer, seja por um deus, pela pátria ou pela família”. De fato, ele estava mais do que certo. Nós somos a sociedade dos que querem apenas ganhar, jamais perder, muito menos a vida! A saudosa banda Blitz, sucesso da década de 1980, dizia em sua canção: “todo mundo quer ir pro céu mais ninguém quer morrer”.

porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro... E já não sei o que escolher!... desejo partir e estar com Cristo, o que é muito melhor; contudo, é mais necessário, por causa de vocês, que eu permaneça no corpo... para o seu progresso e alegria na fé". Fp. 1:21-25

Na perspectiva do cristianismo, morrer é um prêmio, uma coroa, a consagração de uma vida, mas morrer está relacionado a nascer, não a extinguir-se, é a partida que nos leva a encontrar o propósito para o qual fomos criados. Quem morre deixa o não-ser para tornar-se ser de fato.

Mas Paulo, que desejava ardentemente morrer, pois queria estar com Jesus, entende que viver tem um propósito: edificar e ensinar a outros, abençoá-los, servi-los, amá-los, doar-se para que eles possam encontrar o significado de existir. Assim é o Evangelho. A vida do discípulo só ganha singularidade quando se desdobra na direção do outro, quando o próximo torna-se mais importante que sua própria vida, pois sacrificar sonhos e planos em prol de alguém é prazer e privilégio.

Bin Laden está recrutando jovens para morrer. É triste, mas fato. E nós? Quantos jovens temos dispostos a morrer pela causa do Reino de Deus? Não estou falando em se amarrar a toneladas de dinamites ou de detonar um carro em frente ao um mercado público. Estou falando em entender que a fé cristã deveria nos levar a buscar da vida mais do que sucesso profissional, dinheiro no bolso, alegria, festa, riso, namoros e curtição. Nossos jovens não têm referências. Bem disse Cazuza: “meus heróis morreram de overdose”.  

Tenho pena dos jovens de hoje... Rebeldes sem causa, mesmo... São, em sua grande maioria, alienados, fúteis, frívolos, superficiais, dessignificados, vazios, insensatos, desafeiçoados, insensíveis, desencontrados de si mesmos. Mas com tristeza, admito: eles tiveram a quem puxar; tiveram excelentes fontes de referência para ser o que são: nós. Eu e você...



quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Contra-Fluxo




Carlos Moreira

"Nada de desgosto, nem de desânimo; se acabas de fracassar, recomeça" Marco Aurélio.

A sensação é de estar remando contra a maré, indo na direção oposta, subindo quando devia estar descendo, descendo quando devia estar subindo. “Negue-se a si mesmo”, é a voz que escuto o tempo todo, todo o tempo. Desisti de tentar impressionar a Deus, aos homens. Entendi que não será por habilidades, nem necessidades. Não será por nada que eu possa fazer. Não será “por força, nem por violência”, não será pela ciência, nem mesmo pela razão. Apenas deixo-me levar pela brisa e, caminhando no caminho, semeio o bem e colho a esperança.

Enquanto todos querem ajuntar, desejo aprender a repartir. Enquanto querem mentir, busco encontrar a coragem de andar na verdade. Enquanto querem ser desleais, pretendo me tornar mais fiel. Rio-me da ganância, desprezo a futilidade, faço caso do sucesso, da busca da felicidade desprovida de propósitos. Cresço para dentro, expandindo minha consciência, alterando meus valores, repensando minha história. Aos que desejam mandar, ofereço o servir. Aos sofisticados e complexos, ofereço a simplicidade; aos arrogantes, a humildade; aos maliciosos a pureza; aos invejosos a singularidade de ser o que sou, incompleto, imperfeito, uma “metamorfose ambulante”.

Sim, é verdade, já compreendi que seguir a Jesus implica em andar na contra-mão, pois o Evangelho é um contra-fluxo, é subversão silenciosa, é mudança de coração, é transformação dos “ambientes” interiores, uma vez que a “ética do Reino é a estética do lado de dentro”. E será assim, sem máscaras, sem cascas, despojando-me de tudo que possa impermeabilizar minhas sensações, libertando-me do que cauteriza as percepções, largando pela estrada tudo o que não é vida e aprendendo a recomeçar que, aos poucos, me tornarei um pouco mais parecido com Ele.

E assim, como o grão de trigo, que morre para poder fomentar a vida, morro também, pois, “pra que outros possam viver, vale a pena morrer”. Não deixarei para morrer amanhã, quero morrer logo, hoje, agora! Por isso, abro mão, despojo-me de mim mesmo, abro as janelas da alma, destranco os ferrolhos do coração, e morro. Morro enquanto ainda é tempo, pois os que me propõem a “vida” andam as portas a me convidar a seguir de acordo com o fluxo, de conformidade com as "marés", na direção da multidão, do corriqueiro, do banal. Eles me oferecem a morte embalada com papel celofane, numa caixa bonita, mas, no fundo, ainda é apenas morte. E eu, que pela morte de mim mesmo abracei a Vida, insisto em seguir na direção contrária

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A ordem dos fatores e a alteração do produto.


 Por Zé Luís 

Há pessoas com ótimo conhecimento das Escrituras, a ponto de garantir que as tem em sua memória de tal forma que poderia recitá-la de traz para frente, tamanha a assimilação da mesma.

Acho que conheço algumas destas, e creio que você também já as deve ter visto: Citam a ordem do Mestre para que fossemos prudentes como as serpentes e pacíficas como as pombas, as praticando como de traz para frente, tendo a prudência de uma pomba -  que cisca em em meio a perigosa avenida movimentada - e tem a atitude em seu semblante de verdadeiras víboras quando enfrentadas, mostrando as presas e pingando veneno.

Sim: a ordem dos fatores, neste caso, altera o resultado do produto.

Um outro exemplo que gosto muito é quando Jesus cita o seguinte versículo:
"Onde está o seu tesouro, ali estará o seu coração!" Lc 12,34
É comum, quando citado, inverterem o sentido, pois é mais compreensível que dentro de nossos sentimentos  já resida nossos verdadeiros valores (o que não é de todo errado). Mas o sentido em que o Sumo Pastor tinha em mente era outro:

Já percebeu como começam as grandes paixões? Não me refiro apenas ao amor erótico, mas as devoções por pessoas, bandas, times, tatuagens, animais, partidos, ideologias, objetos...

No início é apenas um leve interesse, algo modesto, moderado e que nos agrada gradativamente. A pessoa acompanha uma partida de futebol, e começa a admirar seus jogadores, interessar-se pela história do clube, usar o uniforme no trabalho, tatua o emblema no peito. Outras assistem um Reality Show sem pretensões de acompanhar a cotidiana trama de ir ao banheiro ou arrotar em público, e logo se envolve nos conflitos íntimos e compactua com as opiniões de totais estranhos. Ela se compadece de uns e detesta outros.

O coração foi para onde ele tornou tesouro.

A maioria nos casos amorosos começam em um pequeno interesse, um cheiro agradável, um telefonema a mais, uma descoberta de pecados em comum, um gostar de conversar sobre um assunto totalmente comum. Sempre nos conduz a nos interessarmos mais e mais, por que nos valorizamos, e então, nossa alma se apaixona.

Aquilo passa a ter valor, e quando o valor se torna prioridade, nossa alma – o significado da palavra “coração” no Novo Testamento – se apega.

O Mestre no sermão da montanha ensina os mecanismos do ser que criou, e nada mais oportuno do que mostrar como funciona nosso “querer”, e de que forma algo é criado em nosso íntimo.

Vemos pessoas ardendo em paixões onde antes houve um pequeno e agradável flerte, ou mesmo o ódio que nos dá a sensação de força, pode ser um tesouro no qual seu coração desejará estar. É uma questão de cultivo, pois a alma corre atrás de nossos valores.

Paulo alegava que Deus opera em nós tanto o querer como o efetuar, o que já tive a oportunidade de comprovar. Fazer deste querer um tesouro, a ponto de querermos inundar a nossa existência depende do que somos. Nossos olhos estão compostos das mais densas trevas? Encheremos nossa existência de escuridão até que se complete nossa medida. “Qual grandes trevas...” comenta Jesus.

Onde está teu tesouro? Para ele seguiu sua alma.

Que o Criador nos converta, e em nós nasça o desejo conveniente ao Reino, sendo isso nosso tesouro, para que nele nosso coração esteja.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Neemias - um exemplo de iniciativa


Série: Apresentação dos livros da bíblia
"O que esta igreja está precisando é...!" "Não acredito em nossos governantes. Se estivesse no lugar deles eu...!" "Nossas escolas estão realmente ruins. Alguém precisa fazer alguma coisa."

Reclamações, queixas, porta-vozes do caos são abundantes no mundo. É muito fácil analisar, examinar, e falar sobre os problemas da sociedade moderna. Porém o que realmente precisamos são de pessoas corajosas, que não apenas discutam a situação, mas que tomem alguma atitude.

Neemias viu o problema e ficou aflito. Em vez de reclamar ou revolver-se em autopiedade e desgosto, ele tomou uma atitude. Neemias sabia que Deus o estava convocando para motivar os judeus a reconstruir os muros de Jerusalém, e assim deixou sua posição e responsabilidade no governo persa para fazer a vontade do Senhor. Neemias sabia que Deus poderia usar seus talentos para realizar aquela obra. Desde a sua chegada a Jerusalém, todos reconheceram que ele estava no comando. Ele organizou, gerenciou, supervisionou, encorajou, enfrentou oposição, injustiças e prosseguiu até que os muros fossem reconstruídos.
Neemias foi um homem de ação.

No início dessa história, Neemias conversa com seus amigos judeus, os quais lhe dizem que os muros e portões de Jerusalém estavam destruídos. Estas eram notícias perturbadoras, e a reconstrução desses muros tornou-se o objetivo de Neemias. No momento propício, Neemias pediu ao rei Artaxerxes permissão para ir até Jerusalém e reconstruir seus muros derribados. O rei consentiu.

Levando consigo cartas reais, Neemias viajou para Jerusalém. Ele organizou as pessoas em grupos e lhes designou setores específicos dos muros. Entretanto, o projeto de construção enfrentou ferrenha oposição. Sambalate, Tobias, e outros tentaram deter o projeto insultando, ridicularizando, ameaçando e sabotando. Alguns dos trabalhadores temeram; outros se cansaram. Em cada caso, Neemias empregou uma estratégia para frustrar os inimigos - oração, encorajamento, serviço de guarda e consolidação. Mas um problema diferente surgiu - internamente. Os judeus ricos estavam explorando a difícil situação dos seus trabalhadores camponeses. Ao ouvir sobre esta opressão e ganância, Neemias enfrentou, face a face, aqueles que extorquiam os outros. Depois disso, com os muros quase concluídos Sambalate, Tobias e seus comparsas tentaram deter Neemias uma vez mais. Mas Neemias permaneceu firme, e a reconstrução dos muros foi finalizada em 52 dias. Que tremendo monumento ao amor e fidelidade de Deus! Tanto os inimigos quanto os amigos sabiam que Deus os havia ajudado.

Após a reconstrução dos muros, Neemias continuou a organizar o povo, registrando e escolhendo guardas para as portas, levitas e outros oficiais. Esdras conduziu a cidade em adoração e instrução bíblica. Isto propiciou a reafirmação da fé e o reavivamento espiritual, à medida que as pessoas prometeram servir fielmente a Deus.

O livro de Neemias conclui com uma lista de clãs e líderes, com a dedicação do novo muro de Jerusalém, e a purificação da terra em relação ao pecado. Ao ler este livro, observe Neemias em ação - e decida ser uma pessoa em quem Deus possa confiar para agir em nome dele neste mundo.

Fonte: Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Pesca maravilhosa

Por Júnio Almeida

O dia estava nublado. Eram umas seis horas da manhã e eles já estavam lá há meia hora. Um rio sujo, barrento, mas que alguns pescadores tinham a esperança de encontrar peixes. Esses tais pescadores eram Pedro e seu pai - Marcelo. Este sempre foi alucinado por pesca, e desde que Pedro era pequeno, sempre o levava para rios, lagos, mares... E agora que pedro cresceu, gosta de pesca tanto quanto o pai. 
Depois de um silêncio mortal surge uma onda no lago e um movimento brusco do molinete de Pedro, que diz:


 - Eita! Esse é dos grandes! - ele puxa com toda a força, enquanto seu pai busca os outros aparatos para apanhar o peixe.
 - Vai precisar do alicate, não é? - pergunta Marcelo.
 - Com certeza. Pai, se prepare; com esse aqui vamos posar para foto. - as risadas emergem diante da situação.
Eles puxam o peixe para o barco com muito sacrifício. Pedro está cansado e ofegante depois da bela briga proporcionada por um baita Tucunaré de quase um metro.
 - E então, dá ou não para tirar uma foto - Pedro abre o sorriso.
 - Espere aí. Vou pegar a câmera ali. - Marcelo fala enquanto se levanta.
Depois da foto os dois voltam a pôr as iscas de volta no rio à espera de novos peixes. Eles voltam ao mesmo silêncio de antes. Pedro pressente que seu pai vai dizer algo; de repente se assusta com voz:
 - Pedro?
 - Oi pai. - ele responde depois de um frio na espinha.
 - Como está sua vida com Deus?
 Agora o silêncio se aloja na alma de Pedro. Essa pergunta soou como um grito no meio de um vazio inimaginável. 
 - Sei lá! - ele diz e logo depois dá um profundo suspiro.
 - Meu filho, você sabe sim. Diga-me, por favor. Desabafe com seu pai.
 - Para falar a verdade pai, acho que minha vida está mais ou menos como esse rio.
 - Em que sentido?
 - Olhe: a água é barrenta. No fundo há tanta sujeira! E a cor da água esconde o lixo que está lá dentro.
Imprevisivelmente Marcelo esboça um sorriso simples. Ele pára; respira, e diz: Meu filho! Oh meu filho, minha vida também já foi assim. 
 - Será? Talvez não como a minha.
 - Bom, sei que também já me senti da mesma forma: um rio sujo, aparentemente sem vida, sem esperança, cheio de lixo no fundo. E você sabe qual foi a diferença em mim.
 - Não; o quê? - Pedro responde com um tom irônico.
 - Um dia, neste rio (na minha vida) surgiu um pescador com uma paciência impressionante. Ele ficou aguardando por um bom tempo, com uma esperança inacreditável; tinha certeza que em algum momento encontraria algum sinal de vida. E depois de um certo tempo, mesmo tendo pescado muito lixo no fundo desse rio, começou a encontrar vida, encontrar peixes.
 - Pai, queria encontrar esse pescador na minha vida! - A respiração começa a se tornar difícil
 - Ele já está aí há um bom tempo, e você o conhece; sabe muito bem de quem estou falando. O Pescador está cheio de esperança para achar a vida, aquela que Ele mesmo colocou em você. Não fique o empurrando para a margem do rio, deixe-o ficar no centro do rio, no centro da sua vida. Deixe-o tirar a sujeira do fundo - ele é mestre em fazer isso. 
 - Ah, como eu quero!
 - Ele também quer, e acredito que Ele já está começando a encontrar a vida que procurava.
Pedro suspira novamente e seus olhos começam  a marejar.
 - Pedro, Ele é um pescador insistente. não vai desistir, mesmo que pareça haver só lama. Não importa a cor da água - se está barrenta ou cristalina - esse pescador vai insistir.
Pedro começa e ficar ofegante. Faz uma boa pausa. 
De repente não resisti e grita: Jesuuuus!
Seu pai espera.
Pedro inspira profundamente e continua:
 - Jesus! Por favor, não desista! Permiti que muito lixo se misturasse com o lodo do fundo. Esse rio está podre, mas eu sei que o Senhor tem poder para transformá-lo em um rio de águas cristalinas. - Agora as lágrimas parecem um rio a desaguar dos seus olhos.
 - Senhor! Por favor! Por favor! - Seu pai lhe abraça.
 - Quanto tempo eu esperei te ver assim.
Eles choram. Seu pai tenta enxugar suas lágrimas, mas Pedro não se contém mais. Ele olha para seu pai como  rosto já vermelho e diz:
 - Pai, e meu passado? As marcas são profundas.
 - Filho, o que passou, passou. O perdão divino é condicionado ao seu arrependimento. Se este é verdadeiro, não há o porquê duvidar - seu passado foi lançado no mar do esquecimento de Deus. Ele não te acusará do que te perdoou.
 - Por que eu demorei tanto para aceitar e me render ao Senhor!?
 - Cada um tem seu tempo, filho.
 - Ainda bem que não foi tarde. - ele responde com um sorriso singelo.
 - É, essa foi uma verdadeira pesca maravilhosa.  - eles sorriem.
Começam então a arrumar as coisas para voltar. Nem imaginam o que virá ao aportar o barco.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A última bolacha do pacote


Pr. Edmilson


E Samuel disse: —Hoje Deus rasgou das suas mãos o Reino de Israel e o deu a alguém que é melhor do que você – 1 Samuel 15.28 


Saul foi um homem que teve uma experiência maravilhosa com Deus. Ele saiu de casa para buscar as jumentas de seu pai e enquanto fazia isso foi ungido pelo profeta Samuel como o primeiro rei de Israel e foi cheio do Espírito Santo. Belo começo! Mas, havia algo em Saul que se tornou a semente do seu fracasso. Ele gostava de fazer as coisas na sua hora e do seu jeito. Ele não compreendia que Deus tem seu próprio relógio e que somos nós que temos que nos adaptar a ele. Para Saul tudo tinha que ser já, “pra ontem”. Deus fazia com ele o que faz com todos aqueles que são assim, fazia-o esperar. Samuel marcou com ele um dia e horário para oferecer um sacrifício a Deus, mas não chegou na hora marcada. Saul não compreendeu que estava sob teste e tratamento, não tolerou o atraso e fez a coisa do seu jeito. Ofereceu sacrifício no lugar de Samuel. Nessa hora Samuel chegou e anuncio-lhe a sentença de Deus. Por não largar sua mania de fazer as coisas do seu jeito, por não aprender a agir no tempo de Deus, seria rejeitado como rei e alguém segundo o coração de Deus seria colocado em seu lugar. Isso mesmo, alguém cujo coração batesse no mesmo ritmo do de Deus. 

Tudo indica que Saul não achava que sua maneira de agir fosse um defeito. Talvez achasse ser uma virtude, pois ele continuou agindo da mesma forma. Na luta contra Amaleque, mais uma vez ele fez as coisas do seu jeito. É, Saul se achava “a ultima bolacha do pacote”. Ele se achava. Mas ali Deus lhe anunciou que passaria o reino a alguém que era melhor do que ele. Para todo aquele que se “acha”, Deus sempre dará um jeito de mostrar que existe alguém melhor do que ele para quem “seu reino” será passado. Se cuida não pra ver! Seja humilde não pra ver! Paga pra ver! 

Um dia apareceu Davi. Após vencer o gigante de quem Saul teve medo, o jovem foi aclamado pelas mulheres de Israel que cantavam: “Saul venceu mil, mas Davi venceu dez mil”. Em outras palavras: “Saul foi bom, mas Davi é melhor”. Lá estava a pessoa que Saul não imaginava que existisse. Lá estava o moço segundo o coração de Deus, aquele para quem Deus passaria seu reino, aquele que era melhor que Saul. E como Saul reagiu a isso? Ele ficou com ciúmes e desconfiado. É, ele continuou afundando. Esse sentimento ruim abriu portas no coração de Saul e o homem que fora cheio do Espírito Santo passou a ser dominado por um espírito mal. Ele estava afundando, só ele que não via. Ele começou agir como louco dentro de casa. Só Deus sabe o quanto sofrem as famílias daqueles que não se deixam tratar por Deus, de loucos, ciumentos e desconfiados, de pessoas que tremem de insegurança diante de pessoas melhores do que elas. Saul pegou sua lança e tentou acertá-la em Davi. Os loucos e perturbados gostam de atirar as setas de palavras destrutivas para tentar matar os que estão servindo e agradando a Deus. Mas Davi se esquivou, pois, nenhum louco pode matar quem está cheio do Espírito Santo. 

Davi tinha lá seus defeitos, mas o que o tornava melhor que Saul era sua humildade de se deixar tratar por Deus como um vaso na mão do oleiro. Saul não. Ele começou bem e foi piorando. Passou sua ultima noite de vida com uma feiticeira. Logo depois se suicidou. Davi terminou seus dias cheio de glória e de respeito. A grande diferença entre os dois era que um cedia a Deus enquanto o outro não. Um estava sendo aperfeiçoado enquanto o outro afundava. Um amadureceu o outro apodreceu. E nós, que rumo daremos à nossa vida? São as nossas atitudes em resposta aos tratamentos de Deus que responderão essa pergunta.