Bem vindo!

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Ex officio é uma expressão latina que significa "por dever do cargo, por obrigação"; muito utilizada no contexto jurídico para se referir ao ato que se realiza sem provocação das partes. Para o contexto do cristianismo, um "cristão ex officio" é aquele que não espera ser provocado ou "incentivado" para ter uma atitude padronizada em Cristo; as atitudes fluem como instinto. Sinta-se livre neste ambiente para opinar, concordar, discordar, sugerir... Desde que de forma respeitosa.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Mãos de Marta e coração de Maria

 
João Cruzué

Ontem quando desci à sala para orar, eu pedi ao Senhor que falasse comigo. Ao abrir a Bíblia antes da oração, pude perceber que como Deus falou. E como sempre costuma de fazer: vim para compartilhar com você. Pela primeira vez percebi um há um forte elo entre os fatos passados na casa de Marta e Maria e a parábola do bom samaritano.

-Senhor fala comigo pela sua Palavra, eu pedi. Sabe, há dias em que temos mais necessidade de orar que outros, e esta semana tem sido bem difícil, pois vários são os motivos para bater, para buscar e pedir recurso onde se pode achar.

Meu antigo companheiro, auxiliar dos meus tempos de "pastor" está fazendo quimioterapia. A esposa de outro amigo de muitos anos, também colega de ministério, jaz em um leito de UTI, há três meses. Seu cérebro foi muitíssimo danificado com três paradas cardíacas.

Isso ainda não é tudo.

Um antigo Pastor, dos meus tempos de jovem, está há mais de 12 anos em uma cadeira de rodas, deprimido. Não mais lê, deixou a fisioterapia, disse-me que apenas fecha os olhos e ora constantemente. Depois de ter sofrido um derrame, teima que só voltará à Igreja depois de curado e de uma forma maravilhosa. E já se passaram mais de 12 anos. Como pode notar, eu não conseguiria mesmo estar com a minha alma tranqüila diante dessas coisas tristes.

Ao abrir a Bíblia pude ler a página inteira do final do capítulo 10 de Lucas. Primeiro o texto de Marta e Maria, continuando na parábola do bom samaritano. São palavras muito conhecidas, mas que ontem se fizeram novas para mim.

A preocupação de Marta era com o serviço: andava para lá, andava para cá. Imagino: aranjando lenha, assoprando as brasas para o fogo, limpando panelas, assando pão, talvez cozinhando alguma ave ou mesmo temperando um pequeno cordeiro. O tempo passava depressa, o dia ou noite estava chegando, e nada da ajuda de Maria.

Maria se esquecera completamente do serviço. Assentada aos pés de Jesus, (não havia nem cadeiras nem mesas altas naquele tempo e naquela cultura) ouvia com o coração ardendo as palavras do Mestre. O tempo passava e ela não se cansava, como de vez em quando ainda acontece em nossos dias, quando a presença do Senhor se faz muito forte em algum culto.

Marta estava preocupada em servir, e Maria se esquecera de tudo porque ouvia, e ouvia, e queria ouvir mais aquelas palavras que alcalmavam seu coração. Maria não desejava sair da presença de Jesus.

Marta, receosa de não dar conta do trabalho, deu ordens ao Mestre: "Senhor, não te importas que minha irmã me deixe servir sozinha? Dize-lhe, pois, que me ajude".

Comunicação é uma coisa boa; precisamos mesmo nos comunicar. Mas comunhão é algo muito mais profundo que comunicação. Qualquer um pode se comunicar, dizer um bom dia, boa tarde, falar sobre tempo. Alguns podem até orar em grupos por uma hora, duas ou quem sabe até uma vigília inteira. Mas nem todos assuntos falados significam comunhão; isto é mais que sabido.

Por exemplo: Tenho duas filhas. Uma já se casou e a mais nova está namorando. Imagine que eu me assente à sala e passe a tarde inteira junto aos dois "segurando vela". Eles podem conversar assuntos os mais variados - mas nenhum deles vai ter a coragem necessária, por exemplo, para dizer para o outro "eu te amo".

Ano de 2011, século XXI - cá estamos nós. Preocupados e sem tempo, como diligentes e afadigadas Martas, quem sabe até dando ordens ao Senhor. É um corre-corre, um sobe-e-desce, um ensaia-ensaia, um prega-prega, um canta-canta, um ensina-ensina... Domingo, segunda, terça, quarta, quinta, sexta, sábado e chega o outro domingo. Estamos servindo? Sim! Estamos trabalhando? Sim! Estamos nos afadigando? Muito! Mas, por que estamos vazios e colhendo tão pouco?

Não temos mais tempo para estar em comunhão com o Senhor. Não somos mais como um noivo/a apaixonado/a. Ele quer nos ouvir e também falar conosco, mas não temos mais tempo para isso. Estamos nos enganando ao pensar que se trabalharmos dez vezes mais seremos muito mais avivados. E, a Igreja, o órgão ou departamento que cuidamos, vai decuplicar de tamanho. Assim começamos correr e fazer besteiras, pois não temos mais tempo para ficar na presença do Senhor até que nosso coração fique em paz e nos orientemos sem erro debaixo de suas asas.

A consequência disso pode ser entendida na mesma página da minha Bíblia. "Descia um homem de Jerusalém para Jericó. E caiu nas mãos de salteadores, que o despojaram, espancaram, deixando-o quase morto.

E, ocasionalmente, descia pelo mesmo caminho um sacerdote que, o vendo, passou ao largo. Eis que de igual modo, passou um levita, que o viu, mas também passou ao largo.

Quem são sacerdote e Levita? Decerto que representam os que conhecem e ensinam palavra de Deus. Apressados, estressados com a fadiga do serviço do altar, não conseguem mais ouvir a voz do Senhor por falta de tempo para estar em comunhão com Deus.. Eles são como as mãos de Marta. Muito serviço, muita fadiga, e pouca compaixão.

"Mas um samaritano, que ia de viagem, se aproximou do ferido e vendo-o moveu-se de íntima compaixão". Talvez por ter sofrido no passado um ataque semelhante, aproximou-se, atou as feridas do caído, aplicando-lhes azeite e vinho. E pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. E partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, deu-os ao hospedeiro e recomendando-lhe: Cuida bem dele, e tudo o que mais gastares, eu to pagarei quando voltar".

Aqui temos um resultado diferente, pois atuaram em conjunto as "mãos" de Marta e o "coração" de Maria.

Três personagens viram a mesma cena, mas suas atitudes foram inesperadas. Os dois primeiros julgaram que sua religião ou seus afazeres religiosos eram mais importantes, tinham prioridade sobre um estranho caído no chão. O primeiro era um ministro a serviço do altar e segundo seu discípulo. Seus olhos não mais se comunicavam com o coração. Em algum lugar de suas vida eles perderam a compaixão e tornaram-se insensíveis à voz do Espírito Santo. Do samaritano poderia se esperar tudo, menos compaixão, afinal ele não era teólogo, nem escriba, nem um doutor da Lei.

E foi assim que entendi, antes de começar minha oração, que não importa quão engajados estejamos. Não importa quão grandiosos projetos estejamos planejando, diante dos olhos alheios ou dos nossos próprio. Há uma grande multidão muda, surda, em grande miséria ao nosso redor. Se dermos prioridade às coisas que nos interessam e relegarmos ao secundário os momentos que precisamos passar a sós com Deus, até ouvir Sua voz, ficaremos irremediavelmente secos de compaixão.

A prioridade correta fará inverter a cultura da pressa e teremos um "Coração de Maria controlando as mãos de Marta". A comunhão com Deus precede o serviço.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

O servo, a cana e o sexo


Um dia, um fazendeiro disse para o seu servo mais leal: "você tem sido um servo muito leal. Tenho uma recompensa especial para você, nesta propriedade. Pretendo lhe dar logo que eu voltar de uma longa viagem." O servo sorriu, esperando com ansiedade pela sua recompensa. Porém, os dias foram passando e o servo foi ficando impaciente. Uma manhã ele pensou: "aposto que minha recompensa está no campo da plantação de cana." Cuidadosamente, andou até uma ponta do campo e examinou. Como não conseguiu ter uma boa visão, cortou apenas uma parte da ponta da plantação. Não encontrou nada. Na manhã seguinte, pensou: " aposto que está um pouquinho além de onde eu procurei ontem. Com certeza, o dono não perceberá essa pequena quantia de cana cortada." Ele cortou um pouco mais de cana, um pouco além de onde havia cortado no dia anterior e, mesmo assim, nada. E, a cada dia, sua curiosidade o levava para mais longe do campo. "Logo", ele prometia a si mesmo, "encontrarei a recompensa". A cada dia ficava mais fácil andar pelas canas caídas e continuar cortando. Muitos dias depois, ele alcançou o outro lado do campo. Não achou nenhum prêmio, nenhum tesouro. Ficou intrigado e irado com seu patrão, pensando ter sido enganado depois de todos aqueles anos de fidelidade. Alguns dias depois, o dono voltou. Imediatamente, notou todo o campo descoberto, com as canas secas. A plantação se estragara e não haveria colheita. Perplexo, ele abordou seu servo. "O que aconteceu com o campo?", perguntou. Irritado, o servo respondeu: "Não existe recompensa. Você mentiu para mim!" Tristemente, o dono virou-se e disse: "Esse campo era a sua recompensa. Agora, você não terá nada." Com isso, o servo se separou do fazendeiro.

Essa história é o que acontece com os casais quando se envolvem sexualmente antes do casamento. Cada vez que experimentam fisicamente o corpo um do outro, a curiosidade por uma maior excitação os leva mais longe. Cada nível de contato físico parece excitante, mas aí se torna entediante. Cada vez um novo nível é alcançado, e esse nível se torna o ponte de partida para o próximo momento em que estarão a sós. Retroceder é quase impossível, entretanto, eles prometem que não avançarão mais. 

Esse texto foi extraído do curso ONE - tornando dois em um - curso para noivos. Escrevi este texto com a intenção de acordar aqueles que se encontram nesta circunstância, e para prevenir que outros cheguem a tal ponto. Prosseguirei com meu comentário.

Assim como ocorreu com o servo, que sempre começava de onde parava, assim acontecerá no relacionamento, e o pior: pensa-se estar procurando algo que nunca encontrará - seu foco está no lugar errado. Isso faz com que nada seja desfrutado por completo; há apenas culpa.
Quantas vezes ouvi: "lua-de-mel não é necessário." - claro. Perdeu-se a graça. Aquilo que era para ser o presente dado por Deus, não há brilho mais. Perde-se o sentido.
Mas a filosofia mundana é sempre a mesma: "é necessário provar para saber se é bom". Incautos; não sabem o quanto custa caro a dissolução da alma. Dividem tudo com todos, depois não tem nada para oferecer a ninguém, e detalhe, a quem mereceria - seu cônjuge.
Fica o alerta: cuidado servo, cuidado para não cortar sua cana (seu presente divino) e perder o sexo (sem culpa) preparado para o casamento!