Bem vindo!

BEM VINDO!

Ex officio é uma expressão latina que significa "por dever do cargo, por obrigação"; muito utilizada no contexto jurídico para se referir ao ato que se realiza sem provocação das partes. Para o contexto do cristianismo, um "cristão ex officio" é aquele que não espera ser provocado ou "incentivado" para ter uma atitude padronizada em Cristo; as atitudes fluem como instinto. Sinta-se livre neste ambiente para opinar, concordar, discordar, sugerir... Desde que de forma respeitosa.

terça-feira, 24 de maio de 2011

MALCO



Por Ralph Walker

Ele os viu chegar. Tochas em movimento, entre as árvores, à medida que a multidão avançava a seu encontro. O coração dele deve ter batido mais forte, e a adrenalina deve ter acelerado enquanto pensava: "É agora!" O inimigo havia chegado, orquestrado pelo antigo Grande Dragão. O seu tempo havia chegado.
Ele tomou à frente dos discípulos, todos confusos, ainda em estado de sonolência por dormir pouco e pelo muito estudo. Jesus, naquelas últimas horas, havia insistido com eles, tentando passar o ensino que lhes guiaria por toda a vida. Erguendo-se do chão que usaram de cama, eles depararam com uma multidão unificada formada de vários membros: soldados do templo, judeus livres, e escravos, todos enviados para pegar Jesus em flagrante, aproveitando a escuridão daquelas horas.
Quando ficou claro que Judas tinha vindo para trair a Jesus, entregando-o a seus inimigos, os discípulos começaram a se agitar. Eles pegaram as duas espadas para defender o seu Mestre. Duas espadas contra várias outras, mas estavam mostrando uma coragem que não voltariam a mostrar até no Pentecostes, dois meses depois (quando acusariam os seus irmãos de haverem crucificado o Filho de Deus). Pedro, como de costume, colocando o coração à frente da razão, partiu para o ataque. Ele manejou sua arma contra as fileiras diante dele, com a intenção de mutilar ou matar. Os homens se espalharam, fugindo de seu ataque impulsivo. Provavelmente os soldados desembainharam as espadas, as quais empunharam em defesa própria. Era inevitável que houvesse derramamento de sangue.
Um infeliz servo do sumo sacerdote foi um pouco lento para evitar a espada de Pedro. Ele moveu a cabeça para o lado, e o aço escorregou pelo seu rosto, cortando fora com perfeição a sua orelha direita.
Sua reação normal seria pôr a mão sobre a ferida em formato de concha, depois examinar a mão. O sangue jorrando em excesso certamente o fez cair de joelhos, vasculhando no escuro pelo chão a orelha perdida. Fico pensando se alguém disse alguma coisa enquanto ele soluçava, gritava e choramingava em dor e pânico.
Então o maravilhoso Jesus, sempre Senhor da situação, abaixou-se para tocar e emendar a orelha. Ele uniu novamente a orelha à cabeça; o sangramento se estancou, e o homem estava inteiro de novo.
Não posso entender por que Mateus (26:51-52) e Marcos (14:47) dedicaram tão poucos versículos a essa história fascinante e nem sequer mencionaram a cura. João (18:10-11) forneceu detalhes como o fato de que tinha sido Pedro quem atingiu, e Malco quem foi acertado. Mas ele, também, omite o milagre. Somente Lucas (22:47-51), o médico (que naturalmente se sentiria atraído por um milagre médico dessa natureza), nos conta acerca da cura.
Enquanto eu escrevia este artigo, um jovem, claramente acabado, entrou em meu escritório. Seu carro tinha se superaquecido, sua noiva havia desistido de casar e ele estava tentando ir para casa, em Atlanta. Pouco dinheiro, menos maturidade, nenhuma sorte. Normalmente, eu pensaria: "A culpa é sua; você plantou, agora você colhe". Mas essa história me deteve.
Malco era um homem que se achava na multidão errada, defendendo a causa errada, envolvendo-se com pessoas erradas. Ele merecia perder a cabeça, e não a orelha.
Mas Jesus lhe demonstrou compaixão. Compaixão que desejo ardentemente demonstrar para com os meus inimigos, e para com o estranho. Compaixão e perdão S duas características marcantes da vida de Jesus. Deus, ajuda-me a ser como ele.
Levei Chris a um mecânico e, espero que ele esteja de volta no caminho para casa. (Liguei para o mecânico e ele está.) Pode ser que ele me esqueça, mas espero que não se esqueça do Homem que compartilhou comigo um pouco de sua compaixão. Será que toda vez que Malco mexesse a orelha, se lembrava de Cristo?


sexta-feira, 13 de maio de 2011

Dois surdos: Os religiosos e o movimento Gay


William Douglas
Juiz federal, RJ


A decisão do STF, de ser comemorada e criticada, é apenas mais um round na luta irracional que se desenvolve entre religiosos e o movimento gay. O STF acertou na decisão, mas errou em sua abordagem. Ao invés de interpretar a Constituição, ousou reescrevê-la sem legitimidade para tanto. Mas, que razões levaram a Corte Suprema a isso? A imperdoável incapacidade dos contendores de agir de forma tolerante, democrática e respeitosa. A terrível intenção, de ambos os lados, de forçar o outro a seguir seus postulados, em atentado contra a liberdade de escolha, opinião e crença.


Quem ler os relatos contidos em anais da constituinte verá que incluir o casamento gay na Constituição foi assunto derrotado nas votações. O STF mudar esse conceito e ignorar a decisão do constituinte originário é ativismo judicial da pior espécie, mas o STF tem suas razões: os religiosos, ao invés de negociar uma solução, se negam a mexer na Constituição.


O erro da intolerância, o movimento gay também comete ao tentar impor um novo conceito de casamento ao invés da aceitação da união civil estável homoafetiva, e mais ainda, ao defender um projeto de lei contra homofobia que desrespeita a liberdade de opinião e religiosa (PLC 122). Isso para não falar do "kit gay", uma apologia ofensiva e inaceitável para grande parcela da população. Não há santos aqui, só pecadores. Em ambos os lados.


Erram os religiosos ao querer impedir a união civil homossexual, calcando-se em suas crenças, as quais, evidentemente, não podem ser impostas à força. Mas erra também o movimento gay em querer enfiar goela abaixo da sociedade seus postulados particulares. Vivemos uma era de homofobia e teofobia, uma época de grupos discutindo não a liberdade, mas quem terá o privilégio de exercer a tirania.


Negar o direito dos gays é tirania dos religiosos. De modo idêntico, impor sua opinião aos religiosos, ou calá-los, ou segregá-los nas igrejas como se fossem guetos é tirania do movimento gay. Nesse diálogo de surdos, o STF foi forçado a decidir em face da incompetência do Congresso, dos religiosos e do movimento gay, pela incapacidade de se respeitar o direito alheio.


Anotemos os fatos. O STF existe para interpretar a Constituição, não para reescrevê-la. Onze pessoas, mesmo as mais sábias, não têm legitimidade para decidir em lugar dos representantes de 195 milhões de brasileiros. Os conceitos "redefinidos" pelo STF são uma violência contra a maioria da população. Nesse passo, basta ler o artigo Ulisses e o canto das sereias: sobre ativismos judiciais e os perigos da instauração de um terceiro turno da constituinte, de Lênio Luiz Streck, Vicente de Paulo Barreto e Rafael Tomaz de Oliveira, disponível em meu blog. O resumo: apenas Emenda à Constituição pode mudar esse tipo de entendimento. O problema: a maioria se recusa a discutir uma solução contemporizadora que respeite e englobe a todos.


O Supremo agiu bem em alertar sobre a incapacidade das partes de resolverem seus problemas no Congresso, mas errou em, ao invés de se limitar a assegurar direitos de casais discriminados, invadir o texto da Constituição para mudá-lo manu militari.


O STF não se limitou a garantir a extensão de direitos, mas quis reescrever a Constituição e modificar conceitos, invadindo atribuições do Poder Legislativo. Conceder aos casais homossexuais direitos análogos aos decorrentes da união estável é uma coisa, mas outra coisa é mudar conceito de termos consolidados, bem como inserir palavras na Constituição, o que pode parecer um detalhe aos olhos destreinados, mas é extremamente grave e sério em face do respeito à nossa Carta Magna. “Casamento” e “união civil” não são mera questão de semântica, mas de princípios, Nem por boas razões o STF pode ignorar os princípios da maioria da população e inovar sem respaldo constitucional.


Enfrentar discriminações é louvável, mas agir com virulência contra os conceitos tradicionais, e, portanto, contra o Congresso e a maioria da população, diminui a segurança jurídica diante da legislação. A tradição existe por algum motivo e não deve ser mudada pelo voto de um pequeno grupo, mas pela consulta ao grande público ou através de seus representantes, eleitos para isso.


O art. 1.726 do Código Civil diz que uma união estável pode ser convertida em casamento mediante requerimento ao juiz. Ora, pelo que o STF decidiu, foi imposto, judicialmente, o casamento gay. Até os ativistas gays, os moderados, claro, consignam o cuidado de não se chamar de casamento a união civil. Os ativistas não moderados, por sua vez, queriam exatamente isso: enfiar goela abaixo da maioria uma redefinição do conceito de casamento. Não se pode, nem se deve, impedir que um casal homossexual viva junto e tenha os direitos que um casal heterossexual tem, mas também não se pode impor um novo conceito que a maioria recusa.


Abriu-se, em uma decisão com intenção meritória, o precedente de o STF poder substituir totalmente o Congresso. Salvo expressa determinação da Constituição para que o faça, quando o Congresso não legisla sobre um tema, isso significa que ele não quer fazê-lo, pois se quisesse o teria feito. Há um período de negociação, existem trâmites, existem protocolos. O STF não pode simplesmente legislar em seu lugar, tomar as rédeas do processo legislativo. Mas, que o Congresso e as maiorias façam sua mea culpa em não levar adiante a solução para esse assunto.
O STF deve proteger as minorias, mas não tem legitimidade para ir além da Constituição e profanar a vontade da maioria conforme cristalizada na Constituição. O que houve está muito perto de criar, pelas mãos do STF, uma ditadura das minorias, ou uma ditadura de juízes. O STF é o último intérprete da Constituição, e não o último a maculá-la. Ou talvez o primeiro, se não abdicar de ignorar que algumas coisas só os representantes eleitos podem fazer.


Precisamos caminhar contra a homofobia e o preconceito. E também precisamos lembrar que cresce em nosso meio uma nova modalidade de preconceito e discriminação: a teofobia, a crençafobia e a fobia contra a opinião diferente – o que já vimos historicamente que não leva a bons resultados.
O PLC 122, em sua mais nova emenda, quer deixar ao movimento gay o direito de usar a mídia para defender seus postulados, mas nega igual direito aos religiosos. Ou seja, hoje, já se defende abertamente o desrespeito ao direito de opinião, de expressão e de liberdade religiosa. Isso é uma ditadura da minoria! Isso é, simplesmente, inverter a mão do preconceito, é querer criar guetos para os religiosos católicos, protestantes, judeus e muçulmanos (e quase todas as outras religiões que ocupam o planeta) que consideram a homossexualidade um pecado. Sendo ou não pecado, as pessoas têm o direito de seguir suas religiões e expressar suas opiniões a respeito de suas crenças.


E se o STF entender que o direito de opinião e expressão não é bem assim? Isso já é preocupante, porque o precedente acaba de ser aberto. E se o STF quiser, assim como adentrou em atribuições do Congresso, adentrar naquilo que cada religião deve ou não professar? 


O fato é que as melhores decisões podem carregar consigo o vírus das maiores truculências. Boa em reconhecer a necessidade de retirar do limbo os casais homossexuais, a decisão errou na medida. Quanto ao mérito da questão, os religiosos e ativistas moderados deveriam retomar o comando a fim de que a sociedade brasileira possa conviver em harmonia dentro de nossa diversidade.



William Douglas é juiz federal , mestre em Direito,
especialista em políticas públicas e governo. www.williamdouglas.com.br

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Dona Vilma - Preâmbulo no opala - [Parte 2]

   
Por Júnio Almeida

Ambos caminham em direção ao final da rua. De repente João pára:
   - Peraí. Como saio andando com alguém que nem sei o nome! É loucura. Estou vulnerável, é por isso. - ele continua parado.

   - João, meu nome é Joaquim.
   - De onde você veio? O que faz? Para onde está me levando? Sei lá se você não é apenas um louco, psicopata!
   Joaquim continua andando e se dirigem a um carro antigo; é um opala preto, ano mil novecentos e noventa, com os vidros enegrecidos por uma película; rodas originais e todos os outros acessórios internos originais.
   - Esse carro é seu? - João pergunta com um aspecto sério, já um pouco distante.
   - Sim. - ele reponde.
   - Isso é um carro de bandido! Eu não vou com você para lugar nenhum. - João fala em um tom ríspido e alto.
   - Seu pai era bandido?
   Ainda com o rosto rubro e molhado das lágrimas João "trava" assustado.
   - O que você quer dizer com isso? - Ele inicia uma caminhada até o veículo.
   - Você lembra bem do opala do seu pai, não é?! - Joaquim responde com mansidão, fazendo-o refletir e relembrar.
   João começa a trazer à memória os momentos em que viveu com seu pai quando este ainda era vivo. Lembra-se do carro antigo que seu pai tinha - um opala idêntico - e que por muitas vezes o ensinou verdades profundas enquanto dirigia. Se aproxima do carro; começa a deslizar o dedo na lataria e olhar por dentro enxergando os detalhes do carro e percebendo a tão grande similaridade com o antigo carro do seu pai.
   - Meu Deus, onde você quer chegar?! - João se rende. Respira fundo.
   - Quer embarcar em uma nova jornada comigo? Tem uma pessoa que quer lhe ensinar novas lições de vida. Muito mais profundas do que as que seu pai lhe ensinou. Você vai conhecê-lo, mas para isso precisa confiar e entrar no carro. - Joaquim olha no fundo dos seus olhos e lança o desafio.
   - Caramba; não faz cinco minutos que te conheci (se é que posso dizer isso) no pior momento da minha vida, e ainda tenho que acreditar em você para me mostrar alguém que não faço idéia de quem seja e o que fará comigo... Mas... Acho que já não tenho nada mais a perder. Quem sabe essa loucura dá certo. - João esfrega as mãos nos rosto para tirar o que restou das lágrimas. Olha para Joaquim e diz:
  - Então, vamos? Quero ver onde isso vai dar.
  - Vamos! Foi o seu primeiro passo. - Joaquim olha para ele, esboça um sorriso e pega a chave do carro. Destrava o alarme e abre a porta para João.


quinta-feira, 5 de maio de 2011

Lava-pés - muito além da lição de humildade

  


Por Júnio Almeida
 
Usando como base a referência bíblica onde Jesus lava os pés dos discípulos (Jo 13) e  fazendo uma associação com a passagem de Paulo sobre os Judeus como luz para os gentios (Rm 11.12), tratarei neste texto sobre dois aspecto que passam despercebidos nos trechos mencionados. O primeiro é que Jesus, no momento do lava-pés, deu-nos uma lição muito além da humildade proposta; o segundo, é que associando o que Jesus fez, com o que Paulo falou, nos deparamos com um intrigante confronto.
   Em determinado momento após a ceia, Jesus se propõe a lavar os pés dos seus discípulos. Naquela época, quando as pessoas chegavam às casas, cabia aos escravos lavar os pés das pessoas. Com isso, Cristo se levanta, cingi-se com uma toalha e aproxima-se dos seus alunos para ensinar-lhes mais uma lição: o mestre se colocaria no lugar de um escravo para prestar tal serviço. Como ele sendo superior ao seus, faria aquilo? Se ele fizesse, "obrigaria" seus discípulos a seguirem seu exemplo, ou seja, mesmo estando acima dos outros, não deveriam levar isso em conta, mas estarem prontos a servir a todos sempre e, colocando-os como superiores.
   Essa é a lição que nós conhecemos. Mas há outra por trás disso. Quando Jesus se aproxima de Pedro, ele rejeita achando-se indigno e afirma que o Senhor não lavaria seus pés. O mestre responde que se ele não lavasse seus pés, Pedro não teria parte com ele; ao que o humilde aluno responde: "não só os meus pés, mas também às mãos e a cabeça". Jesus retruca dizendo que quem já está limpo, não necessita lavar senão os pés. Agora eu pergunto: se já está limpo, por que lavar os pés? 
   Eis a resposta: Como naquele tempo não existiam ruas asfaltadas, carros, nem tênis, não havia como não sujar os pés. As pessoas poderiam acabar de tomar  banho e mesmo andando pouco sujariam os pés. Não importa se iam visitar um amigo, parente, ou até mesmo andar para falar do evangelho; para onde fossem, aos seus pés grudaria a poeira. Aqui está a lição para nós - não importa para onde vamos e o quanto estamos limpos, nossos pés sempre se sujarão. 
   Há um tempo, enquanto eu orava pedindo a Deus perdão por meus pecados, comentei com Ele que gostaria que minhas vestes (espirituais) permanecem limpas sempre, e Ele me respondeu que sempre as deixa limpas. É como em nosso cotidiano - não importa se você passou o dia sem fazer nada, no final dele, suas vestes estarão sujas, nem que seja apenas do seu suor natural. Suas roupas precisarão ser lavadas. Espiritualmente não é diferente, o seu pecado terá se juntado às suas vestes, nem que seja apenas aquele pecado pela essência da natureza carnal, por você ter vindo ao mundo com o DNA do pecado, você precisará que o Pai as lave. O mais impressionante é que Ele sempre estará disposto a "lavar suas roupas sujas".
   Assim sendo, a poeira que está no caminho a ser percorrido (e não importa se é até mesmo o caminho para pregar o evangelho) sempre irá se juntar aos nossos pés. Por isso, precisamos, mesmo estando limpos, que o Senhor nos lave os pés. Daí a importância de todos os dias pedirmos perdão ao Senhor por nossos pecados.
   Agora finalizamos com a associação de tudo isso com o que Paulo falou: "se a queda do judeu (ou seja, sua rejeição ao Messias) resultou na riqueza do mundo (a graça da Redenção operada em Cristo), ... quanto mais a sua plenitude!". Parafraseando: Se o erro deles foi transformado por Deus em bênção para a humanidade, imagine se eles acertassem!!! Agora ponha-se no lugar dos judeu e enxergue-se como luz para os perdidos; se Deus te usa para ser bênção a outros, mesmo com a poeira que gruda nos seus pés, imagine você na sua plenitude!? 
   Pense nisso!!!

terça-feira, 3 de maio de 2011

Jó - a confiança acima de tudo

Série: Apresentação dos livros da bíblia

Árvores quebram-se como palitos ou voam para o alto, arrancadas da terra. Telhados inteiros navegam, carros tombam como brinquedos, casas desmoronam, um muro de águas destrói a costa e inunda a terra. Um furacão corta e dilacera, e apenas as fundações sólidas sobrevivem a esta fúria desenfreada. Contudo, estas bases podem ser usadas para a reconstrução após a tempestade. Em qualquer tipo de construção, a base é de vital importância. Ela precisa ter profundidade e solidez suficientes para suportar o peso da construção e outras pressões. Vidas são como construções, e a qualidade de sua base determinará a qualidade de do seu todo. É freqüente o uso de materiais inferiores, e quando chegam as provas, estas vidas são arruinadas.

Jó foi testado. Desfrutando de uma vida cheia de prestígio, posses e pessoas, foi subitamente atingido por todos os lados, devastado sugado até a sua base. Entretanto, sua vida fora construída  em Deus, e ele suportou.

O livro de Jó conta a história de um homem de Deus. É um emocionante drama de uma pesspa que vai da riqueza à extrema pobreza, e é restituído em dobro. Um tratado teológico sobre sofrimento e soberania divina, e um retrato da fé persistente. Ao ler este livro, analise sua vida e cheque a sua base. Possa você estar apto a afirmar que, quando nada mais restar além de Deus, Ele é suficiente.

Jó era um próspero fazendeiro, que vivia na terra de Uz. Possuía milhares de ovelhas, camelos e outros rebanhos, uma grande família e muitos servos. De repente, satanás, o acusador, compareceu perante Deus alegando que Jó só confiava Nele porque era rico, e tudo lhe corria bem. E assim teve início o teste da fé daquele homem.

A satanás foi permitido destruir-lhe os filhos, os servos, o gado, os pastores, e a casa; porém Jó continuou confiando em Deus. A seguir, satanás o atacou fisicamente, cobrindo de terríveis feridas. Com isso, sua esposa mandou que ele amaldiçoasse a Deus e morresse, mas o moribundo sofreu em silêncio.

Três amigos, Elifaz, Bildade e Zofar foram visitá-lo. A princípio, sofreram silenciosamente, por ele. Então começaram a falar sobre os possíveis motivos para as tragédias de Jó, concluindo que o pecado havia-lhe causado tal sofrimento. Aconselharam-no a confessar seus pecados e voltar-se para Deus. Porém, continuou a afirmar sua inocência.

Incapazes de convencê-lo de seu pecado, os três homens puseram-se em silêncio. Neste momento, outra voz - o jovem  Eliú - entre no debate. Embora seu argumento também não convença Jó, ele prepara o caminho para que Deus fale.

Finalmente, o Senhor fala através de uma poderosa tempestade. Confrontado com o grande poder e a majestade  de Deus, Jó caiu em humilde reverência diante Dele - sem palavras. Deus censurou os amigos de Jó e o drama termina com a sua restauração da felicidade e da riqueza.

É fácil pensarmos que temos todas as respostas. Na verdade, apenas Deus conhece exatamente o porquê dos acontecimentos, e precisamos submeter-nos à sua soberania. Ao ler este livro, imite este exemplar personagem, e decida-se a confiar em Deus, não importando o que possa acontecer.

Fonte: Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, com adaptações.